Mamífero marinho que ninguém esperava tem a linguagem mais próxima dos humanos

Os “cliques” emitidos por cachalotes são muito mais complexos do que se pensava. Um novo estudo teoriza que este mamífero marinho tem o sistema de comunicação animal mais próximo da linguagem humana, até agora descoberto.

Um estudo publicado esta terça-feira com cachalotes das Caraíbas Orientais (Physeter macrocephalus) revelou que o sistema de comunicação deste ser é extraordinariamente complexo, aproximando-se mais da linguagem humana do que qualquer outro sistema de comunicação animal conhecido até à data.

A pesquisa, levada a cabo por investigadores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), captou 9000 sons, entre 2014 e 2018, através de dispositivos acoplados aos mamíferos marinhos.

Os pesquisadores descobriram que os cliques” emitidos pelos cachalotes podem ser estendidos ou desacelerados, mantendo o padrão rítmico – o que sugere uma sofisticação semelhante à das palavras em linguagem humana.

Estimativas apontam para a existência de centenas de padrões de cliques, embora apenas 156 tenham sido observados na amostra estudada.

Como revela a New Scientist, a equipa de investigação criou um inovador “alfabeto fonético” para os cachalotes, facilitando a classificação das gravações e a análise de novos dados.

Este alfabeto permite a combinação de diferentes “cliques” em sequências, sugerindo que os cachalotes podem compor uma infinidade de mensagens, por intermédio de um conjunto finito de símbolos, seguindo regras específicas.

Este processo é muito idêntico à formação de palavras a partir de letras na linguagem humana.

Se se comprovar que as combinações de cliques dos cachalotes transmitem uma gama tão ampla de significados, estes seres possuem, definitivamente, um dos sistemas de comunicação mais sofisticados entre os animais não humanos.

“É realmente extraordinário ver a possibilidade de outra espécie neste planeta ter a capacidade de comunicação. Costumávamos acreditar que éramos os únicos”, diz a líder da investigação, Daniela Rus, citada pela New Scientist.

Esta característica contrasta com os sistemas de comunicação de outras espécies, que utilizam um número limitado de sons – ficando mutio longe da linguagem humana.

ZAP //

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