Um grupo de sapinhos dizimou famílias inteiras de crocodilos. Tiveram de voltar à “escola”

Guyskillen

Crocodilo de água doce

Os crocodilos de água doce no norte da Austrália estão a reaprender o manual de sobrevivência, depois de populações inteiras terem sido mortas por uma espécie de sapo.

Os crocodilos de água doce na Austrália têm sofrido graves perdas devido à ingestão de sapos de cana (Rhinella marina) – uma espécie introduzida no país na década de 1930 que se tornou uma ameaça ambiental significativa.

Esses sapos segregam uma toxina, a bufotoxina, que é mortal para os predadores nativos, como os crocodilos.

Como explica a New Scientist, dado que a maioria dos encontros com os sapos termina em morte, os predadores não têm a oportunidade de aprender a evitá-los.

Para combater as ameaças dos sapos – que foram introduzidos propositadamente na Austrália para controlar as pragas agrícolas na indústria da cana-de-açúcar – vários biólogos estão agora a dar aulas aos crocodilos.

Um estudo publicado esta quarta-feira na Proceedings of the Royal Society B, revelou que os cientistas têm treinado várias espécies a evitar os sapos, através de uma técnica que envolve a remoção das glândulas tóxicas dos sapos e a sua substituição por químicos que apenas induzem náuseas.

O objetivo é dar-lhes uma “dose memorável de intoxicação alimentar”.

Esta abordagem foi testada em crocodilos de água doce na região de Fitzroy Valley, no noroeste da Austrália Ocidental.

Os investigadores colocaram cerca de 2.400 iscos, onde removeram a toxina dos sapos e a substituíram por cloreto de lítio, que provoca náuseas sem ser fatal. Para fazer o controlo, utilizaram pescoços de galinha.

Crocodilos aprenderam bem a lição

Nos primeiros dias, tanto os sapos como os pescoços de galinha foram consumidos pelos crocodilos. No entanto, à medida que os sintomas de intoxicação alimentar se espalhavam, os crocodilos começaram a evitar os sapos.

Nas áreas onde os sapos tinham chegado recentemente, a mortalidade dos crocodilos diminuiu 95%, e nas áreas onde a aversão foi induzida antes da chegada dos sapos, não houve mortes registadas.

A técnica mostrou-se eficaz tendo voltado a ser repetida em 2022. Nessa ocasião, os crocodilos a continuaram a evitar os sapos.

“Tem sido surpreendente como isto tem funcionado bem”, enalteceu a líder da investigação Georgia Ward-Fear, da Universidade Macquarie, citada pela New Scientist.

ZAP //

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