A uma enorme tempestade geomagnética, que ficou conhecida como Evento Carrington, causou enormes perturbações há 154 anos. Atualmente, tal evento seria catastrófico. Mas algo muito pior poderia acontecer: um “evento Miyake”.
Nos dias 1 e 2 de setembro de 1859, a mais poderosa tempestade geomagnética alguma vez registada atingiu a Terra.
A tempestade foi desencadeada por uma gigantesca erupção solar que tinha ocorrido 17 horas antes.
Embora nenhum ser vivo tenha sido afetado diretamente, o evento provocou uma série de problemas e falhas globais — numa altura em que o Mundo não dependia como atualmente de sistemas eletrónicos.
O que o mundo presenciou naquele dia, agora conhecido como Evento Carrington, foi uma enorme tempestade geomagnética. Estas tempestades ocorrem quando uma grande bolha de gás sobreaquecido chamada plasma é ejetada da superfície do Sol e atinge a Terra — a conhecida ejeção de massa coronal.
Segundo alguns cientistas, uma tempestade geomagnética da mesma intensidade do Evento Carrington nosso tempo afetaria muito mais do que fios de telégrafo e poderia ser catastrófica.
Com a dependência cada vez maior de eletricidade e tecnologia emergente, qualquer interrupção pode levar a biliões de dólares em perdas e risco de vidas. A tempestade afetaria a maioria dos sistemas elétricos que as pessoas usam todos os dias.
Mas, segundo o Big Think, algo pior do que o Evento Carrington de há 154 anos poderia acontecer: um “evento Miyake” seria muito, muito pior”.
Em 2012, Fusa Miyake, investigadora da Universidade de Nagoya, no Japão, descobriu um pico de 12% nos níveis de carbono-14 num cedro com 1900 anos, indicando um evento cósmico global que ocorreu entre 774-775 d.C., que foi vinte vezes maior do que ocorrências cósmicas normais.
O estudo de Miyake, publicado na Nature, abriu caminho à identificação de ocorrências semelhantes, que ficaram conhecidas como “eventos Miyake”, e que são consideravelmente mais potentes do que o evento Carrington de 1859.
Os eventos Miyake, identificados a partir de aumentos abruptos e anuais de isótopos de carbono nas árvores e de certos isótopos nos glaciares, fornecem um marcador temporal específico.
A datação tradicional por carbono normalmente requer dados de mais de 10 anos de anéis das árvore para garantir a precisão — e não consegue diferenciar eventos que ocorrem dentro de um único ano.
A ocorrência de um evento Miyake leva a uma concentração mais alta de radiocarbono na atmosfera, que é absorvida pelas plantas e refletida nos seus anéis de crescimento.
Contando os anéis até a camada mais externa da árvore, os cientistas podem determinar o ano exato em que a árvore morreu, fornecendo um novo método para datar ocorrências ou espécimes históricos.
Este método inovador já encontrou aplicações no mundo real. Por exemplo, os cientistas usaram um evento Miyake para datar com precisão um assentamento Viking em Newfoundland, confirmando que os Vikings chegaram à América do Norte antes de Colombo.
O estudo de Fusa Miyake sublinha a inter-relação entre fenómenos cósmicos e eventos terrestres, ao mesmo tempo que fornece um novo método para desvendar a cronologia destes eventos históricos — que, ao que tudo indica, são imensamente mais poderosos do que os temíveis eventos Carrington.