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Um estudo científico explica por que Marcelo (e não só) gosta de tirar selfies

Miguel A. Lopes / Lusa

Um novo estudo pode ajudar a explicar a razão pela qual as pessoas preferem tirar selfies. Por que razão as pessoas se incluem nas fotos? É a resposta a que respondem os pesquisadores.

Uma selfie pode ter mais significado e recordar melhor os momentos do que aquelas tiradas na primeira pessoa – que captam aquilo que os nossos olhos veem.

Um novo estudo publicado no final de abril, na revista Social Psychological and Personality Science, explica porquê.

Não se trata de egocentrismo, nem sequer de vaidade. O estudo diz que, para as pessoas, as selfies – fotos tiradas na terceira pessoa – representam melhor os momentos.

“Descobrimos que as pessoas têm uma intuição natural sobre a perspetiva a adotar, para capturar o que desejam da foto”, disse o autor principal Zachary Niese, PhD pela Ohio State University.

Lisa Libby, co-autora do estudo e professora de psicologia na Ohio State, recusa que as selfies sejam uma questão de vaidade: “Essas fotos podem documentar o significado maior de um momento, não precisa de ser vaidade”.

O processo envolveu mais de 2000 pessoas – sobre as quais foi estudado o impacto da perspetiva, nas fotografias pessoais.

Num dos testes feitos, os participantes foram expostos a um cenário hipotético em que iriam passar o dia à praia com um amigo próximo.

Que tipo de foto iriam tirar eles para recordar o momento?

Foi-lhes pedido que a resposta fosse dada com base na importância da experiência e que pensassem qual era o significado maior.

Os resultados revelaram que, quanto maior era o significado da ida à praia, maior era a probabilidade de eles dizerem que tirariam uma selfie.

 

Noutro teste, foi-lhes proposto que abrissem a publicação mais recente no seu Instagram e respondessem à seguinte questão: “a fotografia faz-te pensar mais na experiência ou no significado do momento?”

Os resultados revelaram que as pessoas pensavam mais no significado no momento em casos em que as fotos eram selfies.

Por outro lado, nas fotos na primeira pessoa – à paisagem -, a perspetiva visual fazia-os pensar na experiência do momento.

Num terceiro teste, foi também pedido aos participantes que abrissem a sua publicação mais recente de uma selfie.

Foram questionados se eles estavam a tentar captar o significado ou a experiência; e avaliaram como se sentiram em relação à foto, numa escala de 1 (nada positivo) a 5 (extremamente positivo).

“Descobrimos que as pessoas não gostam tanto das fotos se houver uma incompatibilidade entre a perspetiva da foto e o objetivo”, disse Lisa Libby.

O que se concluiu é que as selfies são mais eficazes, se o objetivo for capturar o significado do momento.

Não é uma questão de vaidade

“Espero que este estudo aumente o conhecimento das pessoas sobre como a perspetiva da foto afeta a maneira como elas reagem às fotos”, disse Zachary Niese.

“Assim, elas podem ter a certeza que escolherão conscientemente a perspetiva que atingirá o seu objetivo”, acrescentou.

Os investigadores também notaram que, muitas vezes, o facto de as pessoas fazerem publicações nas redes sociais ultrapassa questões de vaidade e aparência.

”Este trabalho sugere que as pessoas também têm motivos muito pessoais para tirar fotos. Mesmo nas redes sociais, parece que as pessoas estão a publicar imagens para si mesmas, para olhar para trás e reter a experiência ou o significado dos momentos”, disse o autor do estudo.

Conclusão: tirar fotos na primeira pessoa – ao que os nossos olhos veem – pode ser importante para capturar a experiência de um momento, mas tirar uma selfie, em princípio, terá um significado maior.

Miguel Esteves, ZAP //

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