Cães, gatos, ratos, ovelhas, carraças e até javalis: eis a “teia zoonótica”

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As zoonoses são doenças infeciosas transmitidas entre animais e humanos. Os agentes patogénicos podem ser bacterianos, virais, parasitários ou podem envolver agentes não convencionais.

As doenças zoonóticas podem ser transmitidas aos humanos através do contacto direto com saliva, sangue, urina ou mesmo fezes de animais infetados.

Também podem ser transmitidas de forma indireta através de mordeduras de artrópodes vetores ou pelo contacto com objetos, ambientes ou superfícies contaminados.

Num novo estudo, publicado esta segunda-feira no Nature Communications, os cientistas descodificaram a complexidade do que chamaram a “teia zoonótica” — as cadeias de transmissão de zoonoses, doenças que afetam anualmente mais de dois mil milhões de pessoas em todo o mundo.

“As doenças zoonóticas constituem uma preocupação significativa em termos de saúde pública e o nosso estudo realça a importância de uma abordagem holística para compreender e gerir estes riscos”, afirma a primeira autora do estudo, Amélie Desvars-Larrive.

Segundo o Phys.org, os investigadores realizaram uma pesquisa bibliográfica sistemática sobre todas as interações documentadas entre fontes zoonóticas e agentes patogénicos na Áustria entre 1975 e 2022.

A equipa identificou seis comunidades distintas de partilha destes agentes, influenciadas por agentes infeciosos altamente conectados, proximidade com os humanos e atividades humanas.

A comunidade que partilha mais agentes zoonóticos é a que que inclui os seres humanos, as espécies domesticadas mais antigas (incluindo cães, gatos, ovelhas e porcos) e espécies que se adaptaram para viver em conjunto com os seres humanos, como por exemplo os ratos domésticos.

Os resultados também sublinham o papel importante que alguns animais, como o javali, o rato do campo de pescoço amarelo e os artrópodes, especialmente as carraças, desempenham como “ponte” entre as comunidades hospedeiras.



“Todas as pessoas entram em contacto com agentes patogénicos, mas apenas alguns causam doenças, pelo que não nos devemos preocupar demasiado. É importante desenvolver alguma consciência de como evitar a contaminação cruzada — por exemplo, limpando bem os utensílios de cozinha entre refeições”, conclui Desvars-Larrive.

“Se foi mordido por uma carraça, deve estar atento nos dias e semanas seguintes, uma vez que as carraças transmitem uma série de doenças aos seres humanos e aos animais, que são muitas vezes difíceis de diagnosticar, uma vez que os sintomas podem demorar a aparecer”.

Soraia Ferreira, ZAP //

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