Um café e um cigarro? Sim, e a ciência explica porquê

Um novo estudo mostra que os compostos químicos nos grãos de café torrados podem ajudar a aliviar os efeitos dos desejos matinais da nicotina.

Para alguns fumadores, o primeiro cigarro da manhã não é suficientemente satisfatório sem um cafezinho.

E essa necessidade, de acordo com um novo estudo da UFHealth, pode ser mais do que um simples hábito.

O estudo, publicado no mês passado na Neuropharmacology, partiu da questão: “Muitas pessoas procuram o café pela manhã por causa da cafeína, mas será que o café está a ter algum efeito acrescido nos fumadores?”, explicou Roger Papke, professor de farmacologia na Faculdade de Medicina da Universidade da Florida.

De acordo com a Futurity, os resultados desta pesquisa podem explicar a razão pela qual alguns fumadores sentem que o primeiro cigarro do dia não sabe tão bem sem um café a acompanhar.

Para este estudo, Papke e os colegas adicionaram uma solução de café torrado escuro às células que revelam um determinado recetor de nicotina.

Esta experiência permitiu aos investigadores identificar dois compostos no café — 1-metilpiridinio e 1-1-dimetilpiridinio (n-MP) — que afetam diretamente certos recetores de nicotina com alta sensibilidade no cérebro.

No caso dos fumadores, estes recetores cerebrais podem ser hipersensíveis, depois de uma noite de abstinência de nicotina.

Os resultados apontaram ao professor a hipótese mais abrangente de que os n-MP,  podem ajudar a satisfazer os desejos matinais de nicotina.

Ora, esta foi uma conclusão que intrigou Papke, uma vez que lhe sugere que os fumadores dependentes da nicotina associam o uso do tabaco ao café da manhã e ao álcool da noite.

Os resultados publicados ainda têm que ser testados em humanos, mas são um passo importante para compreender melhor como é que o café e os cigarros afetam os recetores de nicotina no cérebro, segundo Papke.

As descobertas conseguidas com este estudo fornecem, ainda, uma boa base para os cientistas comportamentais, que poderiam continuar a estudar a abstinência de nicotina em animais, conclui.

Teresa Campos, ZAP //

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