Uma equipa de cientistas utilizou uma plataforma de rastreio de medicamentos para mostrar que um antidepressivo, atualmente no mercado, mata as células tumorais do glioblastoma.
O glioblastoma é um tipo de tumor cerebral que, atualmente, não tem cura. Os doentes podem prolongar a sua esperança de vida através de operações, radioterapia, quimioterapia ou intervenções cirúrgicas, no entanto, metade dos doentes morre nos doze meses seguintes ao diagnóstico.
Segundo o Study Finds, é complicado encontrar medicamentos eficazes contra os tumores cerebrais, uma vez que muitos medicamentos contra o cancro não conseguem atravessar a barreira hemato-encefálica para chegar ao cérebro.
Num novo estudo, publicado na semana passada na Nature Medicine, os investigadores encontraram uma substância que combate eficazmente os glioblastomas — um antidepressivo denominado vortioxetina.
Este estudo centrou-se em substâncias neuroativas que atravessam a barreira hemato-encefálica, tais como antidepressivos, medicamentos para o Parkinson e antipsicóticos. No total, os cientistas testaram até 130 agentes diferentes em tecido tumoral de 40 doentes.
Para o rastreio, analisaram tecido cancerígeno de doentes que tinham sido recentemente submetidos a cirurgia. Seguidamente, processaram este tecido no laboratório e analisaram-no na plataforma de farmacoscopia.
Dois dias depois, os investigadores obtiveram resultados que mostravam quais os agentes que funcionavam nas células cancerígenas e quais os que não funcionavam.
Na última fase, testaram o medicamento em ratinhos. O mesmo mostrou boa eficácia nestes ensaios, especialmente em combinação com o tratamento padrão atual.
Alguns antidepressivos testados foram eficazes contra as células tumorais. Estes medicamentos funcionam particularmente bem quando desencadearam rapidamente uma cascata de sinalização, que é importante para as células neurais, mas que também suprime a divisão celular.
“A vantagem da vortioxetina é que é segura e muito económica. Como o medicamento já foi aprovado, não tem de ser submetido a um processo de aprovação e poderá em breve complementar a terapia padrão para este tumor cerebral”, conclui o coautor do estudo, Michael Weller.
Apesar de ainda não se saber se este medicamento funciona nos seres humanos e qual a dose necessária para combater o tumor, é a primeira vez nas últimas décadas que se descobre um componente capaz de melhorar o tratamento de tumores cerebrais.