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O último concerto dos The Beatles foi há 57 anos. Ameaças de morte aceleraram o fim das digressões

thebeatles.com

Os Beatles durante as filmagens de “Help”

“Alguém atirou um foguete para o palco. Olhámos uns para os outros, pensámos que alguém tinha sido atingido por um tiro” – o relato de John Lennon.

29 de Agosto de 1966. Faz hoje 57 anos que houve um dia histórico na música.

Os The Beatles subiram ao palco no Candlestick Park, em San Francisco, nos Estados Unidos da América.

Não era “mais um” concerto. Seria o último concerto dos The Beatles com plateia.

Sim, 1966. Muitas pessoas sabem, outras não saberão: não houve qualquer concerto (pago) durante os últimos quatro anos do grupo de Liverpool. A excepção foi aquela loucura num telhado de Londres, em 1969. De resto, concentraram-se na escrita e gravação de músicas a partir daí.

Voltando ao concerto nos EUA, era uma noite fria e ventosa no estádio dos San Francisco Giants, lembra o MusicRadar.

O caos já começou nos camarins. Muita gente, muitos jornalistas, muitas celebridades. Uma festa.

A festa seria a última porque, resumindo, os quatro fantásticos estavam fartos. Centenas de concertos, centenas de horas, muito cansaço – e alguns momentos que não ajudaram.

Ficou famosa a frase de John Lennon: “Somos mais populares do que Jesus Cristo e não sei o que vai desaparecer primeiro: rock ‘n’ roll ou o Cristianismo”.

Os grupos religiosos, sobretudo de extrema direita, exaltaram-se; estações de rádio baniram os The Beatles; outros queimaram publicamente os discos dos ingleses; até o Vaticano queixou-se destas ideias.

Seguiram-se ameaças de morte. Passou a ser perigoso para os próprios The Beatles, lembrou Paul McCartney, mais tarde.

Até que, não no dia 29 mas sim a 19 de Agosto de 1966, um concerto em Memphis teve direito a membros do Klu Klux Klan à porta. Durante uma música, alguém lançou um foguete para o palco.

“Ficámos todos a olhar uns para os outros porque cada um de nós pensava que o outro tinha sido atingido com um tiro. Foi mesmo mau” – o relato de John Lennon, anos depois.

Não foi só este motivo, mas isto acelerou o fim das digressões dos The Beatles.

Além disso, os sistemas de som em estádios dos EUA só serviam para fazer anúncios durante os jogos de basebol; não tinham o nível ao qual os músicos estavam habituados.

E ainda havia outra razão, não menos importante: os The Beatles queriam… lançar álbuns. Queriam mandar cá para fora o que (tentavam) gravar no estúdio. Mas com tantos concertos em tantos países, ficava difícil.

Até que chegou o tal dia 29 de Agosto de 1966:

Pouco mais de meia casa no estádio (as comparações com Jesus estavam frescas), 11 canções na lista do concerto.

E uma selfie no palco! Em 1966! John Lennon e Paul McCartney levaram uma câmara para registarem momentos do último concerto, incluindo selfies, com a bancada lá ao fundo na fotografia.

Depois do concerto, os The Beatles foram – à pressa – para o aeroporto local, dentro de um carro blindado.

Ah, e o The Beatles Bible lembra que a promotora deste concerto final, a Tempo Productions, ficou com prejuízo financeiro.

ZAP //

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