Ucrânia pede ajuda a Israel — “o último país do mundo livre que ainda tem medo de irritar Putin”

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Presidência Ucraniana / EPA

Zelenskyy tem insistido com Israel para o país fornecer sistemas de defesa antimísseis, mas o executivo mostrou-se sempre indisponível.

A Ucrânia está há várias semanas sob ataque de drones kamikaze iranianos. O Ocidente acusa Teerão de estar a fornecer os equipamentos à Rússia, sendo que o governo iraniano, apesar das provas apresentadas, nega.

Israel está preocupado com a entrada do Irão na guerra, como fornecedor de armas da Rússia, sendo que as IDF (Israeli Defense Forces) garantem estar a acompanhar a situação, segundo avança a CNN Portugal.

“Estamos a acompanhar de perto e a pensar como estes drones podem ser utilizados pelos iranianos contra centros populacionais israelitas”, admitiu Richard Hecht, porta-voz das forças militares de Israel.

De acordo com a entrevista de Geoffrey Corn, professor e diretor do Centro de Política e Direito Militar da Texas Tech University, à Associated Press, a preocupação é que o Irão esteja a testar os drones Shahed-136 na Ucrânia para que, mais tarde, possam ser utilizados contra Israel.

Telavive é o grande inimigo de Teerão, que apoia os libaneses do Hezbollah e o Hamas, grupos que já estiveram ou estão em guerra contra Israel.

Se os drones tiverem sucesso na Ucrânia, o Irão vai “diminuir” o investimento nos mesmos, segundo Corn. No entanto, se os ataques falharem e os drones forem abatidos, Teerão a oportunidade de “perceber como ultrapassar os sistemas de segurança” contra este tipo de armamento — como por exemplo o sistema antimísseis Iron Dome, em funcionamento em Israel.

Volodymyr Zelenskyy tem pedido a Israel que forneça sistemas de defesa antiaérea, mas o executivo israelita mostrou-se sempre indisponível.

Não entendo o que se passa com Israel. Não entendo por que motivo é que eles não nos podem fornecer meios antiaéreos”, afirmou o presidente ucraniano, em setembro, a vários meios de comunicação franceses.

Atualmente, cerca de 15% da população israelita é russófona ou russo-descendente, sendo que Telavive não querer prejudicar as relações com Moscovo.

Israel é também local de residência ou segunda habitação de alguns oligarcas russos, que tiram proveito das leis do país para obter a nacionalidade israelita.

O governo de Yair Lapid preocupa-se também o facto de, se os sistemas antimísseis forem colocados na Ucrânia, poderem ser descobertos os seus pontos fracos, atualmente ocultados pela falta de um teste sério contra armamento de ponta em contexto de batalha.

No entanto, apesar da posição oficial, há membros do executivo israelita que querem que o país forneça armas à Ucrânia, salientando fraturas no governo de coligação.

“Esta manhã, foi noticiado que o Irão está a transferir mísseis balísticos para a Rússia. Já não há qualquer dúvida sobre a posição de Israel neste conflito sangrento. Chegou o momento de a Ucrânia também receber ajuda militar”, escreveu Nachman Shai, o ministro da Diáspora, no Twitter.

Esta quarta-feira, Benny Gantz, ministro da Defesa, desmentiu que possa haver uma mudança de posição: “A nossa política para a Ucrânia não irá mudar. Iremos continuar do lado do Ocidente, mas não iremos fornecer armamento à Ucrânia”.

“Israel é o último país do mundo livre que ainda tem medo de irritar Putin“, afirmou Natan Sharansky, antigo líder da Agência Judaica para Israel e dissidente da União Soviética, em entrevista ao jornal Haaretz.

ZAP //

3 Comments

  1. conversa de ‘chacha’.
    israel está a ajudar a ucrânia tanto como os americanos ou os ingleses.
    apenas, fazem-no na ‘sombra’ para não prejudicar a posição diplomática

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