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Turquia entra em cena para travar queda da moeda com injeção de seis mil milhões de dólares

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Sedat Suna / EPA

Esta segunda-feira, o banco central turco anunciou uma série de medidas para tentar proteger a sua moeda, que atingiu um novo mínimo face ao dólar na sequência do confronto comercial com os Estados Unidos.

O Banco Central da Turquia anunciou, esta segunda-feira, a injeção de seis mil milhões de dólares no sistema financeiro do país para garantir a liquidez dos bancos e travar a queda da lira turca face ao dólar norte-americano.

Através de um comunicado, o Banco Central da Turquia (TCMB) refere que reduz os limites de reservas das divisas permitidas aos bancos turcos para, desta forma, retirar a divisa nacional do mercado, conseguir liquidez e estabilizar o valor da lira.

“Com esta medida vão injetar-se no sistema financeiro aproximadamente 10 mil milhões de liras (seis mil milhões de dólares norte-americanos) e três mil milhões de dólares em liquidez”, assinalou a entidade no comunicado difundido através da página oficial na internet.

O mecanismo de opção de reserva, criado em 2011, determina que a percentagem de reservas financeiras de um banco turco pode fixar-se em divisas estrangeiras ou em ouro e que a restante parte deve estar em liras.

O Banco Central espera que a liquidez dos bancos aumente 3.800 milhões de liras (564 milhões de dólares) ao conseguirem maior flexibilidade na gestão de garantias bancárias nas transações da divisa turca. Os limites dos depósitos de garantias para as transações turcas aumentaram de 8.200 para 22.000 milhões de dólares.

Por outro lado, a Agência de Regulação e Supervisão Bancária (BDDK) anunciou que vai limitar as transações dos bancos turcos aos investidores estrangeiros (50% do capital) e que a taxa câmbio vai passar a ser calculada diariamente.

O ministro das Finanças turco, Berat Albayrak, adiantou que o Governo vai anunciar esta segunda-feira um plano de ação para travar a queda da moeda nacional. O ministro negou que o Executivo pretende converter em liras os depósitos efetuados em divisas estrangeiras e voltou a considerar que a forte queda da lira turca é consequência de “um ataque” estrangeiro.

Na opinião dos analistas, a queda da lira – que perdeu 25% desde o princípio do mês de agosto e 40% desde o início do ano – deve-se, em parte, às tensões diplomáticas entre a Turquia e os Estados Unidos.

Washington exige a Ancara a libertação do pastor protestante Andrew Brunson detido na Turquia há quase dois anos sob a acusação de terrorismo. Na sexta-feira, a Administração norte-americana anunciou o aumento das tarifas aduaneiras sobre o aço e o alumínio da Turquia até 50% e 20% respetivamente.

“Conspiração política” contra a Turquia

Este domingo, Recep Tayyip Erdogan afirmou que a descida da lira resulta de “uma conspiração política” contra o país, que vai ripostar procurando “novos mercados e aliados”.

“O objetivo da operação é obter a rendição da Turquia em todos os domínios, das finanças à política. Enfrentamos de novo uma conspiração política secreta. Com a ajuda de Deus, vamos ultrapassar isto”, declarou o Presidente da Turquia, citado pelo Expresso.

Referindo-se aos Estados Unidos, Erdogan disse que “só podemos dizer adeus a alguém que decide sacrificar a sua parceria estratégica e uma aliança de meio século com um país de 81 milhões de habitantes para salvaguardar as suas relações com grupos terroristas“.

ZAP // Lusa

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