Túneis gigantes no Brasil foram cavados por enormes preguiças extintas

Um grupo de cientistas acredita que os túneis gigantes no Brasil foram cavados por tatus ou preguiças com mais de uma tonelada, extintos há 10 mil anos.

Os túneis, batizados de “paleotocas”, começaram a ser estudados apenas no início da década de 2000, e ainda surpreendem pelo tamanho e pelo grande número, especialmente no sul do país.

Foram descobertos por vários especialistas, como Heinrich Frank, geólogo e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, e por Amilcar Adamy, geólogo da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM), em Rondônia.

“Como na maioria dos fósseis de vertebrados, temos apenas os ossos, não temos pistas sobre como é que esses animais viviam, como se comportavam, se viviam sozinhos ou em grupos, etc. É muito raro, em paleontologia, ter esse tipo de informação sobre espécies extintas”, afirmou Heinrich.

Há vários tipos de paleotocas, algumas com apenas um túnel e outras com 25. Até agora, já foram localizados cerca de 2 mil túneis, a maioria no Rio Grande do Sul.

Muitos dos túneis estão preenchidos por sedimentos, mas pelo menos 50 podem ser explorados. Os especialistas identificaram três tipos de tamanhos: 80 cm, 1,2 m e 2 m. A profundidade varia, mas pode chegar até 60 metros.

As paleotocas terão sido provavelmente cavadas por preguiças gigantes como as Glossotherium e Scelidotherium, que habitavam a América no período Pleistoceno.

Descobertas

No dia em que descobriu um dos túneis gigantes, Heinrich estava a conduzir perto de um local de construção, quando reparou num buraco muito singular. Quando analisou melhor aquela zona, o geólogo descobriu uma entrada para um túnel de cerca de quatro metros de profundidade, que ainda tinha marcas de garras no tecto.

Ao investigar a região com outros especialistas, Frank encontrou dezenas de outros túneis. Alguns estavam completamente preenchidos por detritos devido à acção do tempo e da água, mas outros ainda estavam abertos.

Já Amilcar Adamy, da CPRM, ouviu boatos da existência de uma caverna muito estranha no estado de Rondônia no ano de 2010. Sem conseguir contato com o dono das terras em que a caverna estava localizada, ele não conseguiu estudar muito o local. Apenas cinco anos depois ele e sua equipe tiveram oportunidade de retornar ao local para análise.