As famosas tulipas holandesas podem ter os dias contados

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As alterações climáticas e as mudanças trazidas pelo Brexit são duas grandes ameaças ao comércio das flores mais famosas dos Países Baixos.

Arjan Smit, um agricultor de tulipas de 55 anos, dedicou a sua vida a cultivar campos vibrantes de tulipas vermelhas e cor-de-rosa, dando continuidade a um negócio familiar que começou em 1940. No entanto, reconhece que as alterações climáticas tornaram esta já exigente profissão ainda mais desafiante.

“Podemos sentir que o clima mudou. Temos mais períodos húmidos”, explicou Smit à AFP. “No ano passado, era só chuva, chuva, chuva, e o resultado está à vista.” Apesar do aspeto pitoresco dos seus campos de tulipas, uma inspeção atenta revela buracos lamacentos onde as tulipas sucumbiram à chuva excessiva.

Smit observa que as fortes chuvas do inverno passado mataram cerca de oito a nove por cento dos bolbos no campo e a sua equipa plantou menos 4% de bolbos por precaução. Consequentemente, a colheita deste ano já perdeu um mínimo de 13% dos novos bolbos para o ano seguinte.

As alterações climáticas, caracterizadas por invernos mais húmidos e primaveras e verões mais quentes, representam uma ameaça significativa para a cultura da tulipa. Hhá 30 anos, os campos necessitavam de ser regados apenas duas a quatro vezes por estação da primavera. Atualmente, são necessárias regas semanais, o que aumenta significativamente os custos.

A Smitflowers produz 11 milhões de tulipas por ano, utilizando uma combinação de cultivo natural e tecnologia avançada de estufa. Para combater os problemas causados pelas alterações climáticas, Smit e a sua equipa de 18 pessoas mantêm uma vigilância constante, monitorizando os seus campos constantemente. “Tudo o que podemos fazer para nos adaptarmos é estarmos acordados 24 horas por dia, 7 dias por semana”, afirmou Smit.

Para além das alterações climáticas, os produtores de tulipas neerlandeses também estão preocupados com o aumento dos controlos fronteiriços trazidos pelo Brexit. Desde 30 de abril que são necessários controlos físicos para muitas plantas e flores que entram na Grã-Bretanha, causando receios de atrasos e de produtos danificados.

Smit, que exporta cerca de 80% da sua colheita, advertiu que qualquer atraso nos controlos fronteiriços seria “catastrófico” para as flores. Apesar destes desafios, o produtor tem esperança no futuro, especialmente para o seu filho Tim, que representa a quarta geração da empresa familiar.

Smit está também empenhado no impacto positivo das flores, fazendo doações a cidades da Ucrânia devastadas pela guerra, e organizando exposições de fotografias de exposições da Smitflowers. “As pessoas podem dizer o que quiserem. Precisamos de flores!”, remata.

ZAP //

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