Os cientistas recorreram à esfera de Fibonnaci para criarem um modelo da forma da Lua que pode vir a ser usado para a criação de um sistema de GPS no nosso satélite natural.
Um novo estudo publicado na Acta Geodaetica et Geophysica relata um desenvolvimento inovador que pode abrir caminho para uma melhor navegação lunar.
Os investigadores da Universidade Eötvös Loránd na Hungria aplicaram um truque matemático com 800 anos, a esfera de Fibonacci, para criar um modelo mais preciso da forma da Lua. Esta informação pode ser vital no desenvolvimento de um sistema global de navegação por satélite (GNSS) para a exploração lunar.
Apesar de parecerem esféricos em ilustrações, corpos celestes como a Terra e a Lua não são esferas perfeitas. As suas formas são distorcidas por influências gravitacionais, rotações e flutuações de marés, resultando numa forma ligeiramente achatada, explica o Science Alert.
A tecnologia GNSS atual baseia-se numa estimativa simplificada da forma distorcida da Terra, mas à medida que a atividade humana na Lua se expande, é preciso adotar uma abordagem semelhante para a superfície lunar.
Para definir melhor o elipsoide de rotação da Lua, ou “selenoide”, os autores utilizaram a esfera de Fibonacci. Este método distribui pontos uniformemente numa esfera com base na famosa sequência de Fibonacci. Ao aplicar isto a um modelo computacional, os investigadores conseguiram mapear 100.000 pontos na superfície da Lua usando medições previamente recolhidas pela NASA.
Estas descobertas revelam uma compreensão mais matizada da forma da Lua, com os polos lunares a estarem aproximadamente meio quilómetro mais próximos do centro da Lua do que o equador. Esta informação será fundamental para o desenvolvimento de quaisquer futuros sistemas de GPS lunares, reduzindo possíveis erros de navegação.
Curiosamente, a esfera de Fibonacci não foi aplicada a cálculos na Lua desde a década de 1960. Os autores também descobriram que quando a mesma técnica foi aplicada ao elipsoide de rotação da Terra, os dados alinharam-se com o conhecimento existente, confirmando assim a precisão deste método.
Os resultados deste estudo não só têm potencial para melhorar os sistemas de navegação na Lua, mas também prometem melhorias na nossa compreensão das dimensões da Terra. Os cientistas querem agora expandir o seu trabalho para incluir a Terra e explorar variações nos elipsoides de melhor ajuste com recurso a diferentes modelos geoides.