Trump guardou documentos “sensíveis” sobre Irão e China em casa

Michael Reynolds / EPA

Os documentos apreendidos em agosto na residência de Donald Trump, na Florida, incluíam informações confidenciais sobre o Irão e a China que poderiam ter exposto os métodos de espionagem norte-americana.

Um dos documentos apreendidos mostrava o programa de mísseis do Irão. Outro, “descreveu um trabalho de inteligência muito sensível visando a China”, segundo o The Washington Post, que cita uma fonte familiarizada com o assunto.

Ao deixar a Casa Branca, o ex-líder dos Estado dos Estados Unidos levou caixas inteiras de documentos. No entanto, uma lei de 1978 obriga qualquer presidente norte-americano a transmitir todos os seus ‘e-mails’, cartas e outros documentos de trabalho ao Arquivo Nacional.

Os investigadores apreenderam quase 11 mil documentos durante uma busca domiciliária com base num mandado de “retenção de documentos confidenciais” e “obstrução de uma investigação federal”.

Entre esses documentos, estavam pouco mais de 100 documentos secretos, alguns dos quais ultrassecretos e normalmente acessíveis apenas a um círculo muito restrito e sob condições drásticas de segurança.

No entanto, na mansão de Mar-a-Lago, os documentos foram guardados em diferentes locais, nomeadamente no gabinete pessoa de Donald Trump — espaços inseguros — de acordo com o Departamento de Justiça, que lidera a investigação.

O organismo justificou as buscas por questões de segurança nacional, defendendo que Donald Trump é suspeito de violar a Lei de Espionagem de 1917, que proibia a posse e partilha de documentos altamente sensíveis relativos à defesa nacional.

O antigo presidente também é suspeito de obstruir a investigação, tendo os seus advogados alegado, antes das buscas, que não havia mais documentos governamentais em Mar-a-Lago.

Um tribunal nomeou, a pedido de Donald Trump, um especialista independente para examinar os documentos e para determinar a sua natureza, confidencial ou não.

Trump intimado a depor sobre ataque ao Capitólio

O painel de nove membros emitiu uma carta aos advogados do ex-chefe de Estado, exigindo o seu testemunho sob juramento até 14 de novembro.

A comissão que investiga o ataque ao Capitólio emitiu esta sexta-feira uma intimação ao ex-Presidente norte-americano Donald Trump, afirmando que o republicano “orquestrou” um plano para anular os resultados das eleições presidenciais de 2020.

“Reconhecemos que uma intimação a um ex-presidente é uma ação significativa e histórica”, escreveram o presidente da comissão, Bennie Thompson, e a vice-presidente, Liz Cheney, na carta dirigida a Trump.

O painel de nove membros emitiu uma carta aos advogados do ex-chefe de Estado, exigindo o seu testemunho sob juramento até 14 de novembro.

A comissão delineou um pedido de vários documentos, incluindo conversas pessoais entre Trump e membros do Congresso, bem como com grupos extremistas. Ainda não é claro como o ex-presidente e a sua equipa jurídica vão responder à intimação.

Trump pode concordar ou negociar com a comissão, anunciar que vai desafiar a intimação ou ignorá-la. Pode ainda ir para tribunal e tentar impedi-la.

A intimação é a mais recente e significativa evolução na investigação de 15 meses da comissão que investiga o ataque ao Capitólio dos Estados Unidos, que aconteceu a 6 de janeiro de 2021, colocando os membros do painel em confronto direto com o principal ator do caso, após depoimentos de assessores e aliados.

A comissão escreve na carta que reuniu “provas esmagadoras” de que Trump “orquestrou pessoalmente” um plano para reverter a sua derrota nas eleições presidenciais de 2020, inclusive a disseminação de alegações falsas de fraude eleitoral generalizada, “tentando corromper” o Departamento de Justiça e pressionando autoridades estaduais, membros do Congresso e o seu próprio vice-presidente para tentar mudar os resultados.

No entanto, os congressistas dizem que permanecem ainda desconhecidos detalhes importantes sobre o que Trump estava a fazer durante a invasão ao Capitólio.

De acordo com a comissão, a única pessoa que pode preencher as lacunas é o próprio Trump. O painel — composto por sete democratas e dois republicanos — aprovou a intimação para Trump numa votação surpresa na semana passada. Todos os membros votaram a favor.

Mais de 850 pessoas foram acusadas pelo Departamento de Justiça no ataque ao Capitólio, com algumas a serem condenadas a longas sentenças de prisão. Vários líderes e membros dos grupos neofascistas Oath Keepers e Proud Boys foram acusados de sedição.

Trump enfrenta várias investigações estudais e federais sobre as suas ações nas eleições. A anterior sessão pública da comissão, a 10.ª e apenas algumas semanas antes das eleições intercalares, investigou o “estado de espírito” de Trump, disse o democrata Bennie Thompson.

A comissão está a começar a resumir as suas conclusões de que o republicano Trump, após perder as eleições presidenciais de 2020, tentou impedir que o Congresso certificasse a vitória do democrata Joe Biden. O resultado foi a invasão ao Capitólio por manifestantes pró-Trump.

A comissão pode tomar uma decisão sobre fazer uma referência criminal ao Departamento de Justiça, embora Cheney tenha referido que o trabalho do painel não era tomar decisões de acusação.

Várias pessoas que estavam entre os milhares que invadiram o Capitólio estão agora a concorrer a cargos no Congresso, algumas com o apoio do ex-Presidente republicano. Na audiência da semana passada, polícias que tentaram deter a multidão a 6 de janeiro de 2021 preencheram a primeira fila da sala de audiências.

Alice Carqueja, ZAP //

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