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Trio de “taikonautas” mais jovem de sempre enviado para a órbita da Terra

(dr) Xinhua

A estação espacial chinesa Tiangong-1

Viagem insere-se na estratégia de enviar um astronauta chinês à Lua até 2030, um dos principais objetivos da China, que anunciou ainda planos para enviar um novo telescópio para sondar as profundezas do Universo.

A China lançou esta quinta-feira a tripulação mais jovem de sempre para a sua estação espacial Tiangong, em órbita, no âmbito da estratégia de enviar um astronauta chinês à Lua até 2030.

A missão tripulada Shenzhou-17 partiu a bordo de um foguetão às 11:14 (04:14 em Lisboa) do centro de lançamento de Jiuquan, no deserto de Gobi, no noroeste do país, segundo a agência espacial chinesa responsável pelos voos espaciais tripulados (CMSA).

De acordo com a televisão estatal chinesa CCTV, a idade média dos três membros da tripulação, 36 anos, é a mais baixa desde o lançamento da missão inicial de construção da estação espacial, que ficou concluída no final de 2022.

O trio de ‘taikonautas’ (o nome chinês para astronautas) Tang Hongbo (40 anos), Tang Shengjie (33 anos) e Jiang Xinlin (35 anos) deverá chegar à Tiangong dentro de seis ou sete horas, para substituir uma tripulação que está na estação há seis meses.

Telescópio vai sondar as profundezas do Universo

A agência também anunciou hoje planos para enviar um novo telescópio para sondar as profundezas do Universo. A CCTV disse que o telescópio permitiria mapear o céu, mas nenhum prazo foi dado para a instalação.

A viagem desta quinta-feira insere-se na estratégia de enviar um astronauta chinês à Lua até 2030, um dos principais objetivos de um programa espacial no qual o país já investiu milhares de milhões de euros.

A China tem atualmente projetos de cooperação com a Agência Espacial Europeia (ESA) e o Gabinete das Nações Unidas para os Assuntos Espaciais Exteriores, que podem vir a aumentar, tendo em conta que a Tiangong pode em 2024 tornar-se a única estação espacial operacional.

A Estação Espacial Internacional, iniciativa liderada pelos EUA e à qual a China está proibida de aceder devido aos laços militares do seu programa espacial, deverá ser abandonada em 2024.

Em 2019, a China pousou uma nave espacial no lado mais distante da Lua, tornando-se a primeira nação do mundo a fazê-lo, e em 2020, trouxe de volta amostras lunares e finalizou o Beidou, sistema de navegação por satélite.

Em 2021, a China fez aterrar um pequeno robô em Marte, e o próximo passo é garantir o lançamento de duas missões espaciais tripuladas por ano, segundo a CMSA.

O país quer ainda lançar em 2030 a missão espacial Tianwen-3, para recolher e trazer de volta para a Terra amostras do solo de Marte, disse à Lusa no início do mês o cientista português André Antunes, responsável pela unidade de astrobiologia do Laboratório de Referência do Estado para a Ciência Lunar e Planetária da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau (MUST).

André Antunes esteve entre os cientistas que defendeu na conferência de Hefei a aposta na recolha de cristais de sal, porque “têm uma excelente capacidade de preservar água e matéria orgânica, micro-organismos, no seu interior, como uma espécie de cápsula do tempo”.

“É por isso que os estudos de ambientes salinos são uma prioridade tão grande para a astrobiologia”, para formar “uma melhor noção dos limites da vida” em condições extremas, sublinhou o português.

A agência espacial chinesa quer recolher 500 gramas do solo de Marte e trazê-lo de volta para a Terra numa missão única, “o que pode parecer à partida uma estratégia um bocadinho mais arriscada”, admitiu André Antunes.

ZAP // Lusa

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