Tribunal britânico declara que chamar “careca” a um homem é assédio sexual

Os três juízes, que eram também carecas, consideram que comentar a falta de cabelo de um funcionário constitui uma forma de discriminação com base no sexo, dado que a calvície é um problema que afeta mais os homens.

Num acórdão histórico, um tribunal de trabalho britânico determinou que chamar um homem de “careca” pode constituir assédio sexual. A decisão, tomada por um painel de três juízes homens que eles próprios eram carecas, concluiu que, dado que a perda de cabelo é mais prevalente entre os homens do que entre as mulheres, usar o termo para insultar alguém constitui uma forma de discriminação com base no sexo.

O caso envolveu Tony Finn, um eletricista de 64 anos que trabalhou na British Bung Company em West Yorkshire durante quase 24 anos. Após o seu despedimento em maio de 2021, Finn apresentou várias acusações contra o seu antigo empregador, incluindo alegações de assédio sexual. A questão decorreu de um incidente em 2019, no qual o seu supervisor, Jamie King, alegadamente o chamou de “careca de m****” durante uma discussão no local de trabalho, explica o The Telegraph.

Embora Finn não se tenha queixado da linguagem grosseira usada, sentiu-se ofendido pela referência específica à sua calvície, que o tribunal considerou pessoal e insultuosa. O painel concluiu que os comentários de King ultrapassaram os limites, criando um ambiente de trabalho intimidante e ofensivo.

Um argumento central no caso foi se o insulto constituía ou não assédio sexual. Os advogados da British Bung Company argumentaram que o comentário não era sexista, visto que tanto homens quanto mulheres podem ser carecas. No entanto, o tribunal discordou, afirmando que a calvície é muito mais comum entre os homens e, portanto, inerentemente ligada ao sexo.

O painel comparou a situação a decisões anteriores em que comentários sobre a aparência de uma mulher, como o tamanho das suas mamas, foram considerados assédio sexual. Concluíram que os comentários de King tinham a intenção de magoar Finn, ao focar-se na sua aparência, um fator que afeta mais frequentemente os homens.

Na sua decisão, o tribunal afirmou que o comentário violou a dignidade de Finn e criou um ambiente hostil. O painel aceitou as reclamações de Finn por despedimento injusto, despedimento ilícito e assédio sexual. A sua compensação será determinada numa data posterior.

Falando após a decisão, Finn expressou a esperança de que o acórdão desincentive outros de atacarem verbalmente homens por causa da sua calvície. “Perder o meu cabelo não era algo que realmente me incomodasse, mas o indivíduo que me insultou assustou-me muito“, disse.

A British Bung Company manifestou surpresa com os comentários do tribunal, mas não forneceu mais detalhes sobre o veredicto.

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