Em pouco mais de ano e meio, houve uma revolução no tratamento da hepatite C. Dos 7.840 tratamentos iniciados em Portugal, 3.005 doentes ficaram curados.
No nosso país, segundo o presidente da Sociedade Portuguesa de Gastroenterologia (SPG) José Cotter, deverão existir 150 mil pessoas infetadas com o vírus da hepatite C, sendo que a incidência da hepatite B diminuiu desde que a vacina foi integrada no programa nacional de Vacinação.
Em Portugal, o medicamento é comparticipado a 100% desde fevereiro do ano passado, com 40 milhões de euros gastos no ano passado e 85 milhões previstos para 2016, de acordo com o Jornal de Notícias.
De acordo com a Autoridade Nacional do Medicamento (Infarmed), a 1 de julho existiam 7.840 tratamentos iniciados em Portugal.
Do total de utentes que já finalizaram o protocolo de tratamento, 3.005 encontram-se curados e há 122 doentes dados como não curados. A taxa de cura é de 96%.
“Há expetativas enormes com este tratamento. Já se fala da erradicação da doença, mas é fundamental uma estratégia”, afirma José Cotter.
Não há números oficiais da poupança, mas o Infarmed fala ao JN em custos significativos que são evitados com o tratamento das morbilidades associadas à evolução da doença.
“Ao tratarmos as pessoas com hepatite C, estamos a evitar que as mesmas venham a desenvolver cirrose hepática, carcinoma hepatocelular, com eventual necessidade de transplante de fígado, o que permite considerar estes medicamentos inovadores como custo-efetivos”, adianta o Infarmed.
No caso da hepatite B o tratamento que existe “raramente é curativo”, ao contrário da hepatite C contra a qual os fármacos de última geração conseguem a cura da doença em cerca de 95% dos casos.
Teste à hepatite C pelo menos uma vez na vida
A propósito do Dia Mundial das hepatites Víricas, que se assinala esta quinta-feira, o presidente da SPG lembrou que esta organização já há alguns anos defende a realização de um rastreio à infeção pelo vírus da hepatite C.
A SPG defende que todas as pessoas realizem “pelo menos uma vez na vida” o teste à hepatite C, doença que mata todos os anos mil doentes em Portugal.
“A Organização Mundial da Saúde (OMS) veio também agora defender a realização de um rastreio, tal como nós temos vindo a fazer”, disse José Cotter.
Ao nível mundial, lembrou o especialista, existem 400 milhões de pessoas infetadas com os vírus da hepatite B e C, das quais entre 130 a 150 milhões com hepatite C.
“São números muito assustadores e têm de ter uma grande preocupação da comunidade médica, porque estas infeções deterioram a qualidade de vida das pessoas, mas estas infeções crónicas também levam a estadios terminais de cirrose e de cancro do fígado”, adiantou.
Em 30 a 40% dos casos com infeção por hepatite C mal tratada, a situação evolui para cirrose e, destes, cerca de 10 a 40% terá cancro do fígado.
Essa estratégia passa pela prevenção, a começar no ambiente escolar, pela realização de pelo menos uma análise por ano à infeção pelo vírus da hepatite C e à prevenção de comportamentos de risco, disse.
José Cotter alertou para áreas onde o tratamento não está a chegar devidamente, como as cadeias e os consumidores de drogas injetáveis, a esmagadora maioria dos quais (85%) têm, ou já tiveram, o vírus da hepatite C.
“É preciso entrar no tratamento destes doentes, nas prisões. Mas é preciso uma estratégia”, acrescentou.
A jusante do tratamento, o presidente da SPG considera que se deve começar a pensar em unidades paliativas e o acompanhamento da resposta do programa de transplantes.
ZAP / Lusa
Desses 3000 deve haver alguns anti Estado Social.
Agora que se safaram (e ainda bem) porque houve e há um SNS enquadrado na filosofia de Estado Social, certamente já encaram de outra forma.
Se aquele senhor doente não tivesse ido à comissão em que estava a ser ouvido o ministro da saude do governo do pedrito de massamá, fazer barulho e agitar consciências, bem que a direitalha neoliberal continuava a assobiar pro lado e teria hoje, a pesar na consciência, 3000 mortos.
Que estranho! Não se vê por aqui pessoas, que se identificam como sendo contra o Estado Social, a comentar.