É mesmo preciso trabalhar ao domingo?

Movimento de Trabalhadores Cristãos da Europa quer um domingo livre de trabalho: “Não há outro dia na semana para ir às compras?”.

Os movimentos de trabalhadores cristãos na Europa alertaram hoje para a diminuição, em termos médios, do tempo de descanso dos trabalhadores, atribuindo a responsabilidade ao facto de se viver “um tempo do primado do capital sobre o trabalho”.

Numa declaração a propósito do Dia do Domingo Livre de Trabalho, que se assinala na próxima sexta-feira, 3 de março, o Movimento de Trabalhadores Cristãos da Europa (MTCE), exorta a que se reflita “sobre a necessidade de o comércio estar aberto todo o fim de semana, incluindo o domingo”.

“Enquanto consumidores, não há outro dia na semana para ir às compras? Para além das atividades estritamente necessárias, será mesmo necessário trabalhar ao domingo?”, questiona a mensagem europeia preparada pela estrutura portuguesa do movimento, a Liga Operária Católica/MTC.

Para o MTCE, “o trabalho ao domingo que não seja para cuidar de pessoas (crianças, jovens, idosos, famílias…), ou infraestruturas imprescindíveis à vida humana, não faz sentido”.

Além disso, o movimento defende que os setores que não podem parar de trabalhar ao domingo devem ser mais bem regulamentados e fiscalizados, enquanto os trabalhadores devem ser “mais bem remunerados e compensados em tempo de descanso”.

“Em diversas situações, como acontece no teletrabalho, a fronteira entre o tempo de trabalho profissional e o tempo livre está pouco definida e têm-se agravado as condições de trabalho e a qualidade de vida do trabalhador, fruto de uma feroz competição do mercado, e de condições de trabalho muitas vezes inumanas”, alerta o MTCE.

Os baixos salários, os horários irregulares, os turnos rotativos, à noite, aos fins de semana ou em dois ou três lugares diferentes, bem como os casos de laboração contínua, sem que as empresas tenham de pagar mais por isso, são apresentados pelos trabalhadores cristãos como problemas atuais que afetam o mundo laboral.

“A liberalização do comércio ao domingo interfere com questões de ordem humana, social, familiar, cultural e religiosa”, sublinha o MTCE, acrescentando que “uma sociedade onde as famílias se não encontram, não dialogam e quase não se ‘conhecem’, não tem futuro”.

Nesta mensagem, preparada pela estrutura portuguesa e assumida a nível europeu, é ainda realçado que “compete também aos consumidores, a cada um (…) fazer opções”, e “numa sociedade onde cada vez mais pessoas se mobilizam em torno de ‘Cuidar da Casa Comum’, minimizar o consumo do supérfluo parece ser uma medida acertada”.

“A luta pelo Domingo Livre de Trabalho, mais do que justa, é necessária, para que haja vida em família para todos” e “se construa um mundo mais justo e solidário”.

// Lusa

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