“Tornados espaciais”. Estranhos filamentos na Via Láctea confundem astrónomos

Yang et al.

Numa região conhecida pela abundância de poeira e gás, o que fazem estranhas estruturas nunca antes vistas? Nem os cientistas sabem explicar.

É mais uma intrigante descoberta do telescópio ALMA. Tratam-se de estranhos filamentos, cuja origem é desconhecida, encontrados numa região abundante em moléculas de poeira e gás da nossa galáxia, a Zona Molecular Central (ZMC).

“Quando verificámos as imagens ALMA que mostram os fluxos de saída, reparámos que estes filamentos longos e estreitos estavam espacialmente afastados de quaisquer regiões de formação de estrelas. Ao contrário de qualquer outro objeto que conhecemos, estes filamentos surpreenderam-nos. Desde então, temos estado a pensar no que são”, conta à SciTechDaily o astrónomo Kai Yang.

A equipa de Yang publicou então em fevereiro um estudo na Astronomy & Astrophysics onde explica que estes filamentos foram encontrados por acaso nas linhas de emissão do SiO e de oito outras moléculas.

“A nossa investigação contribui para a fascinante paisagem do Centro Galáctico ao descobrir estes filamentos finos como uma parte importante da circulação de materiai”, diz outro autor, Xing Lu.

“A elevada resolução angular e a extraordinária sensibilidade do ALMA foram essenciais para detetar estas emissões de linhas moleculares associadas aos filamentos finos e para confirmar que não há associação entre estas estruturas e as emissões de poeiras“, sublinhou Yichen Zhang, que também entrou no estudo.

“A nossa descoberta marca um avanço significativo, ao detetar estes filamentos numa escala muito mais fina de 0,01 parsec para marcar a superfície de trabalho destes choques”, acrescenta.

“O SiO é atualmente a única molécula que deteta exclusivamente choques, e a transição rotacional SiO 5-4 só é detetável em regiões de choques que têm densidades relativamente altas e temperaturas elevadas. Isto faz com que seja uma ferramenta particularmente valiosa para detetar processos induzidos por choques nas regiões densas da CMZ”.

Agora, a equipa tenta descobrir mais sobre a origem destes bizarros filamentos cósmicos. De onde vêm e o que fazem aqui?

ZAP //

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