O antigo primeiro-ministro britânico defende a realização de um novo referendo sobre a saída do Reino Unido da União Europeia.
Este domingo, Tony Blair confirmou, em entrevista à Radi 4 da BBC, que está a tentar reverter o Brexit. O ex-primeiro-ministro britânico afirmou que “é exatamente isto” que pretende, sem especificar no entanto como poderá reverter a situação.
Blair aponta o dedo ao Serviço Nacional de Saúde (NHS). O antigo primeiro-ministro afirma que o serviço está a desmoronar-se. “Esta é uma tragédia nacional” que prova que as garantias da Vote Leave – que garantia que a saída da União Europeia levaria a um maior financiamento da Saúde britânica – não vão concretizar-se.
É por esta razão que Tony Blair defende que os eleitores merecem voltar às urnas num novo referendo para decidir o futuro do país, já que uma das promessas, feitas durante a campanha a favor do Brexit, em 2016, não foi cumprida.
Blair refere-se a um dos slogans da campanha Vote Leave, que alegava que o Reino Unido iria investir 350 milhões de libras, até agora destinados à UE, no Serviço Nacional de Saúde, caso o Brexit vencesse.
Segundo o Expresso, depois do resultado do referendo, percebeu-se rapidamente que este argumento era falso, já que não tomava em consideração questões orçamentais como o dinheiro que o Reino Unido recebe anualmente da União por outras vias, por fazer parte do bloco.
“Quando os factos mudam, as pessoas têm direito a mudar a sua opinião“, defende o antigo líder trabalhista, acreditando que a situação do Serviço Nacional de Saúde pode levar os eleitores a mudar de atitude.
“Muitas pessoas terão votado a favor do Brexit porque lhes foi dito que, se saíssem da Europa, todo o dinheiro iria voltar aos cofres britânicos e ser investido nos serviços de saúde. Essa foi uma promessa muito específica feita pelos defensores do Brexit”, explica Tony Blair.
Na opinião do ex-primeiro-ministro, não há verba extra a vir do Brexit para a saúde e, além disso, “vamos gastar menos dinheiro nos serviços de saúde, não mais dinheiro, porque o crescimento económico desacelerou e porque temos esta grande fatura a saldar com a União Europeia”.
Durante a entrevista, Tony Blair assumiu que há pessoas que votariam novamente a favor da saída do Reino Unido, por acreditarem que “a pertença à UE é inconsistente”. No entanto, defende que um grande grupo, nomeadamente eleitores trabalhistas, só apoiaram o Brexit devido às “preocupações económicas e culturais”.
As declarações de Blair surgem na véspera da reunião, que terá lugar esta segunda-feira, de Theresa May com Jean-Claude Juncker, presidente da Comissão Europeia.