Suspeito terá gravado vídeos em que falava sobre a sua adesão ao Estado Islâmico. Tinha planos para matar a família.
Shamsud-Din Jabbar, de 42 anos, é ex-militar e o principal suspeito de ter conduzido uma carrinha contra uma multidão na Bourbon Street na madrugada do dia 1 de janeiro, matando 14 pessoas e ferindo dezenas de outras.
Jabbar alugou o camião que utilizou no ataque de Ano Novo, um camião elétrico Ford F-150 Lightning, no site de aluguer de automóveis Turo, que permite aos proprietários alugar os seus veículos a outras pessoas.
Nas horas e minutos que antecederam o ataque, publicou cinco vídeos no Facebook, garantiu Christopher Raia, subdiretor adjunto da Divisão de Contraterrorismo do FBI, numa conferência de imprensa na passada quinta-feira, escreve a CNN.
Nos vídeos, falava sobre o seu divórcio (divorciou-se duas vezes) e sobre um plano que tinha: inicialmente, planeara reunir a sua família para uma “celebração” com a intenção de os matar, disseram dois funcionários informados sobre as gravações.
Mas Jabbar disse, no entanto, que mudou os planos porque queria que as manchetes dos jornais se concentrassem na “guerra entre os crentes e os descrentes“. Também falava nos vídeos sobre o Estado Islâmico, a que tinha aderido no verão de 2024.
Jabbar nasceu e cresceu em Beaumont, Texas. O seu irmão Abdur Jabbar, 24 anos, e seu pai, Rahim Jabbar, 65 anos, disseram à CNN que não são capazes de conciliar o ataque com a pessoa gentil e de trato calmo que conheciam. “Ele era muito bem-humorado, não se irritava”, disse Abdur numa entrevista na sua casa em Beaumont. “É por isso que era tão inacreditável que ele fosse capaz de algo assim”.
O suspeito terá tido uma vida relativamente “normal”, licenciando-se na área da informática e tendo trabalhado nas empresas de consultoria Deloitte e Accenture. No entanto, tinha já tido alguns problemas com a lei, tendo cumprido uma pena de 9 meses de “supervisão comunitária” por roubo. Também foi condenado por condução sob efeito de álcool.
Os óculos da Meta
No momento do ataque, o terrorista estava a utilizar uns óculos com inteligência artificial da Meta. Estes são capazes de fazer transmissões de vídeo em direto. No entanto, segundo a AP, Jabbar, que foi alvejado no local pela polícia, não os terá ativado.
Agora, o FBI diz que, no dia 31 de outubro, Jabbar gravou um vídeo com os óculos enquanto percorria o Bairro Francês e planeava o ataque, garante Lyonel Myrthil, agente especial do FBI responsável pelo gabinete de campo de Nova Orleães.
De acordo com a AP, estes óculos Meta (empresa de Mark Zuckerberg, detentora do Facebook, Instagram, entre outras redes sociais), fabricados em parceria com a Ray-Ban, são armações com uma câmara incorporada, altifalantes e inteligência artificial que podem ser controlados com a voz, botões e alguns gestos simples.
A câmara permite que o assistente de IA da Meta veja o que o utilizador está a ver, permitindo-lhe traduzir texto em vários idiomas e responder a perguntas simples, como procurar o ponto de referência mais próximo da sua localização. Os óculos são, em grande parte, uma experiência mãos-livres, pelo que o utilizador fala com o dispositivo e este responde-lhe.