Terramoto mortífero durou 32 anos – e foi preciso mais de um século para decifrar o mistério

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Arimacs Wilander / EPA

As consequências devastadoras de um terramoto, na Indonésia

A Indonésia é dos países mais fustigados por tremores de terra. Foi neste país que, em 1861, se deu o terramoto mais duradouro da história.

Em fevereiro de 1861, um mega-terramoto de magnitude 8,5 na escala de Richter atingiu a ilha de Sumatra, na Indonésia, gerando uma tsunami que devastou as costas próximas, resultando na morte de milhares de pessoas.

Este evento trágico marcou o fim do terramoto mais longo alguma vez registado – um fenómeno que durou 32 anos sob a superfície terrestre.

Como explica a National Geographic, este tipo de sismos, conhecidos como eventos de “deslizamento lento”, podem desenrolar-se ao longo de dias, meses ou até anos.

Esses tremores de longa duração libertam a energia que se acumula com o movimento das placas tectónicas mas, em vez de provocarem tremores, libertam a tensão gradualmente ao longo do tempo, sem constituírem um perigo em si mesmos.

No entanto, pequenos movimentos subterrâneos podem aumentar as tensões em áreas adjacentes ao longo de uma falha, aumentando o risco de tremores mais fortes nas proximidades.

De acordo com uma investigação divulgada em 2021 na Nature Geoscience, o evento de Sumatra superou todos os recordes de duração – com consequências verdadeiramente devastadoras.

Mais comum do que se pensava

Os “terramotos lentos” só foram reconhecidos a partir do final dos anos 90, quando foram detetados pela primeira vez no noroeste do Pacífico da América do Norte e na região da Fossa de Nankai, ao largo da costa do Japão.

Desde então, foram registados vários fenómenos deste tipo em todo o planeta.

Após vários anos de estudos, os cientistas descobriram, recentemente, que a duração destes terramotos varia muito. No Alasca, por exemplo, foi descoberto um evento que durou pelo menos nove anos, até 2004.

A monitorização contínua dos movimentos do solo perto de zonas de subducção só começou a ser feita há cerca de duas décadas – mas, desde então, já foi possível tirar várias conclusões.

Sabe-se já que esse tipo de fenómenos precedeu muitos dos terramotos mais devastadores da história, incluindo o catastrófico terramoto de Sumatra-Andaman de magnitude 9,1 que atingiu a Indonésia em 2004; o de Tōhoku de magnitude 9,1 no Japão em 2011; e ainda o de Iquique de magnitude 8,2 no Chile em 2014.

No entanto, demonstrar com precisão que eventos deste tipo podem efetivamente desencadear sismos violentos continua a ser muito complexo; até porque nem todos os tremores lentos desencadeiam tremores muito intensos.

Como nota a National Geographic, a compreensão destes eventos de movimento lento tornou-se uma ferramenta crucial para identificar os riscos potenciais que podem desencadear terramotos mais devastadores.

ZAP //

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