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Técnica de edição genética CRISPR danifica o ADN

Kristyna Wentz-Graff / OHSU

CRISPR é uma técnica que permite aos cientistas cortar uma porção de código genético e reinserí-la novamente num ponto específico da cadeia de DNA, permitindo o seu estudo em tempo real

Uma equipa de cientistas descobriu que a técnica de edição genética CRISPR/Cas9 é capaz de provocar danos genéticos que podem levar a alterações perigosas em algumas células.

A tecnologia CRISPR/Cas9 foi criada nos Estados Unidos, em 2012. O Cas9 é uma proteína especial relacionada ao sistema imunitário adaptativo CRISPR e, através dela é possível detetar fragmentos estranhos de ADN, removê-los e substitui-los por novos. Ou seja, a tecnologia permite modificar o ADN.

Agora, uma equipa de cientistas britânicos descobriu que esta técnica pode provocar danos genéticos que podem, por sua vez, originar alterações perigosas em algumas células.

Esta descoberta, cujo artigo científico foi publicado esta segunda-feira na Nature Biotechnology, tem implicações sobre a segurança das terapias que estão agora a ser desenvolvidas usando a CRISPR/Cas9.

Esta técnica é encarada como uma das maiores ferramentas de edição genética, isto porque consegue alterar porções de sequências genéticas nas células através do corte em pontos específicos da molécula de ADN e da introdução de alterações nesses mesmos locais.

Aliás, o Público realça que a CRISPR/Cas9 é vista por muitos como uma forma inovadora de desenvolver tratamentos para doenças como a sida, o cancro ou a hemofilia. No entanto, é preciso garantir que esta técnica é segura.

A equipa de Allan Bradley, investigador do Instituto Wellcome Sanger e co-autor do estudo, levou a cabo um estudo sistemático tanto em células de cobaias como em células humanas, e descobriu que a técnica causava mutações genéticas extensas, incluindo grandes rearranjos como deleções ou inserções de pedaços de ADN.

Estas mutações, explica o jornal, podem fazer com que genes importantes sejam ligados ou desligados e ter implicações inesperadas significativas.

Desta forma, os investigadores envolvidos na investigação alertam que algumas alterações genéticas observadas neste estudo se encontravam muito longe do sítio escolhido como alvo para serem intercetadas pelos métodos e testes padronizados.

Estes resultados sublinham a importância de sermos muito cuidadosos no que toca ao uso das técnicas de edição genética.

Ainda assim, “os resultados não são razão para pânico ou perda de crença nos métodos quando estão a ser aplicados por aqueles que sabem o que estão a fazer”, conclui Robin Lovell-Badge, especialista em células estaminais do Instituto Francis Crick, no Reino Unido.

ZAP //

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