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Taxas de juro caem para 2,75%. Economia “estagnou” e Trump “terá impacto global negativo”

Friedemann Vogel / EPA

A presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde.

Tal como se previa: corte em 0,25 pontos, de 3% para 2,75%. Economia estagnou e deve continuar fraca. Tarifas que Trump quer aplicar vão ter “impacto global negativo”, avisa a presidente do Banco Central Europeu.

O Banco Central Europeu (BCE) cortou esta quinta-feira os juros em 25 pontos base, na primeira reunião do ano, continuando o ciclo de redução de taxas iniciado no ano passado.

Assim, a taxa aplicada à facilidade permanente de depósitos diminui para 2,75%, a taxa de juro das principais operações de refinanciamento desce para 2,9% e a taxa aplicável à facilidade permanente de cedência de liquidez cai para 3,15%. Tudo “com efeitos a partir de 5 de fevereiro de 2025”.

Economia estagnou e deve continuar fraca

Naquela que é a quarta descida consecutiva da taxa de juros desde que estas chegaram ao máximo de 4% em setembro de 2023, a presidente do BCE apontou que a decisão foi unânime entre os governadores e que não houve discussão sobre o ponto onde parar a trajetória de redução.

Christine Lagarde salientou que “ao baixar os juros hoje, já se reduziu num total de 125 pontos base relativo ao nível elevado” em que as taxas se encontravam, destacando também que a política monetária ainda está “em território restritivo” e não houve uma “discussão, porque seria prematuro, sobre o ponto onde é necessário de parar”.

Lagarde assegurou que os governadores sabem “a direção a seguir”, já o ritmo, sequência e magnitude será consoante os dados que o BCE recolhe nas próximas semanas e meses.

“Para a nossa reunião em março, vamos receber a projeção da equipa do BCE e vamos ter dois dados adicionais sobre a inflação”, destacou.

A presidente do BCE destacou ainda, na justificação desta decisão, que a economia da Zona Euro estagnou no 4.º trimestre e deve continuar fraca no curto prazo, nomeadamente com a indústria a contrair enquanto os serviços expandem.

Além disso, as famílias ainda não foram encorajadas pelos salários para aumentar o consumo, assumiu, mas “as condições para recuperação continuam a existir”.

Estamos confiantes de que a inflação irá atingir o nosso objetivo de 2% ao longo deste ano”, sublinha Lagarde, mas os dados ainda não dão razões para “celebrar”.

O impacto negativo de Trump

As tarifas que o Presidente norte-americano, Donald Trump, quer aplicar vão ter um “impacto global negativo”, mas não é possível avaliar os efeitos sem detalhes, afirmou Lagarde, que salientou que, “neste momento, não há nada que seja possível capturar em termos de números, abrangência, uma lista de itens para perceber o que é considerado”.

“Quando isso acontecer, vai entrar na nossa avaliação”, assegurou a presidente do BCE, sendo que poderá ter vários efeitos nomeadamente consoante as taxas, a redefinição de rotas de comércio e possíveis retaliações.

Mesmo assim, o que já é possível perceber é que a aplicação de taxas aduaneiras “vai ter um impacto global negativo”, reiterou.

A campanha presidencial de Donald Trump baseou-se em promessas de protecionismo económico, incluindo junto de economias como a canadiana, a mexicana ou a chinesa. Além destes países, Trump já ameaçou aplicar tarifas às transações com UE, Bolívia ou Dinamarca — devido ao território da Gronelândia.

O Presidente norte-americano disse, este mês, aos líderes empresariais reunidos no Fórum Económico Mundial, em Davos (Suíça), para fabricarem os seus produtos nos Estados Unidos, caso contrário “terão de pagar tarifas”.

ZAP // Lusa

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