A subida acentuada dos juros nos últimos meses está a provocar um aumento no esforço financeiro das famílias portuguesas para a compra de casa, destinando 41% do seu rendimento familiar para esse fim. Quem renegociar os créditos passa a ser “cliente de risco”
O Governo vai aprovar na próxima semana o diploma que obriga os bancos a renegociar créditos à habitação com os clientes quando a taxa de esforço subir acima de 40% por causa da subida dos juros.
A medida, lançada ao abrigo do Plano de Ação para o Risco de Incumprimento, tem o intuito de atenuar o impacto da subida dos juros nas famílias com crédito à habitação.
A taxa de esforço é a relação entre o rendimento mensal liquido de um agregado familiar e a despesa do mesmo. Este cálculo permite ficar a saber o peso das suas despesas mensais no seu orçamento face aos rendimentos do seu agregado familiar.
Mas segundo o Jornal Económico, as reestruturações de créditos a que os bancos possam vir a ser forçados a fazer levam a que esses empréstimos sejam considerados como reestruturados e fiquem classificados como créditos em Stage 2, ou seja, que podem vir a ter algum tipo de problema no futuro.
Segundo o mesmo jornal, sempre que um cliente entra no Plano de Ação para o Risco de Incumprimento, o seu crédito é considerado como em reestruturação, mas ainda não é classificado como NPE, ou “non-performing exposure”.
Taxa de esforço das famílias subiu para 41%
A subida acentuada dos juros nos últimos meses está a provocar um aumento no esforço financeiro das famílias portuguesas para a compra de casa, que está agora situada nos 41%. Há um ano, as famílias destinavam 28% dos seus rendimentos ao crédito para habitação.
Esta situação acontece em todos os distritos e capitais de distrito portugueses, segundo um estudo publicado pelo Idealista, que cruzou os preços de venda em setembro de 2022 com os custos financeiros da compra de uma casa e a estimativa* do rendimento familiar nesse mesmo período.
Variações por distrito
Foi no distrito de Lisboa onde mais aumentou o esforço necessário para comprar casa, passando de uma taxa de 39% do rendimento familiar no terceiro trimestre de 2021 aos 58% deste ano.
Seguem-se os aumentos de Faro (de 31% a 45%), Setúbal (de 24% a 38%), Porto (de 29% aos 41%) e ilha da Madeira (de 23% aos 35%).
As menores subidas da taxa de esforço registam-se em Viana do Castelo, que passou de uma taxa de 17% do rendimento familiar aos 20% no terceiro trimestre de 2022, Portalegre (dos 11% aos 14%), Beja (dos 13% aos 16%), Évora (dos 15% aos 20%) e Guarda (dos 12% aos 16%).
O distrito de Lisboa é o que mais esforço exige aos seus habitantes, sendo necessário destinar 58% do rendimento familiar para comprar casa.
Seguem-se os distritos de Faro (45%), Porto (41%), Setúbal (38%), ilha da Madeira (35%), Aveiro (27%), Leiria (25%), Braga (25%), Coimbra (23%), Vila Real (23%), Viana do Castelo (20%), Viseu (20%), ilha de São Miguel (20%) e Évora (20%).
Os distritos que dedicam menos esforço são Portalegre (14%), Guarda (16%), Beja (16%), Castelo Branco (17%), Bragança (18%) e Santarém (19%)
Esforço por capital de distrito
Analisando por capitais de distrito, a tendência é similar. A maior subida aconteceu em Lisboa, onde o esforço financeiro para pagar a casa passou de 53% a 76% do rendimento familiar. Seguem-se as subidas do Funchal (de 25% a 41%), Porto (de 33% a 46%), Setúbal (de 23% a 36%) e Faro (de 25% a 38%), Évora (de 20% a 32%).
Portalegre foi a capital de distrito onde menos aumentou a taxa de esforço para a compra de habitação, fixando-se entre os 11% e 15%, seguida por Castelo Branco (de 14% a 19%), Vila Real (de 18% a 23%), Santarém (de 14% a 20%) e Guarda (de 12% a 18%).
Lisboa é a cidade que mais esforço exige aos seus residentes, uma vez que é necessário disponibilizar 76% do rendimento familiar para pagar a casa.
Seguem-se o Porto (46%), Funchal (41%), Faro (38%), Setúbal (36%), Aveiro (35%), Évora (32%), Coimbra (31%), Braga (29%), Ponta Delgada (27%), Viseu (26%), Viana do Castelo (26%), Leiria (23%), Vila Real (23%), Beja (21%) e Santarém (20%).
Por outro lado, as taxas de esforço mais baixas foram registadas em Portalegre (15%), Guarda (18%), Castelo Branco (19%) e Bragança (19%).