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A “tartaruga punk” está oficialmente em vias de extinção

Chris Van Wyk / Zoological Society of London / EPA

Elusor macrurus, também conhecida como a “tartaruga punk”

A tartaruga punk, conhecida pela sua aparência única e por conseguir respirar através dos genitais, é uma das espécies de répteis em vias de extinção.

A tartaruga Elusor macrurus, também conhecida como “tartaruga punk”, é uma criatura marinha única. Com 40 centímetros de comprimento, narinas largas e um penteado feito de algas, só pode ser encontrada no rio Mary River em Queensland, Austrália, e por isso também é conhecida por esse nome.

Infelizmente, esta carismática tartaruga está oficialmente em vias de extinção e, por isso, escreve o Science Alert, o Zoological Society of London (ZSL) decidiu colocá-la no 29.º lugar de uma nova lista das espécies de répteis mais ameaçadas do planeta.

“Os répteis geralmente são os menos beneficiados em termos de conservação, em comparação com pássaros e mamíferos. Muitos répteis são os únicos sobreviventes de antigas linhagens, cujos ramos genealógicos se estendem até à era dos dinossauros”, explica Rikki Gumbs, o coordenador desta nova lista.

E quando se trata desta tartaruga, isso é especialmente verdade. O animal divergiu das tartarugas modernas há cerca de 40 milhões de anos e tem muitas características únicas, como a cauda longa, que pode crescer até mais 70% do que o comprimento da sua concha, e protuberâncias no queixo que a ajudam a sentir o leito do rio.

Além disso, para além do penteado punk, esta tartaruga respira pelos genitais, isto é, tem estruturas parecidas a guelras perto da sua extremidade traseira que permitem que respire oxigénio debaixo de água até três dias seguidos.

Condenada pela sua aparência

Infelizmente, a sua aparência única foi exatamente o que a condenou à quase extinção. Durante as décadas de 60 e 70, esta tartaruga tornou-se um animal de estimação extremamente popular.

Todos os anos, mais de 15 mil exemplares desta espécie foram enviados para lojas de animais por toda a Austrália, o que levou à devastação dos locais de nidificação. Agora, os especialistas estão a lutar para mantê-la viva.

“Assim como acontece com os tigres, rinocerontes e elefantes, é vital que façamos o máximo para salvar estes animais únicos e muitas vezes ignorados“, afirma Gumbs.

Embora tenha sido a sua condenação, o aspeto peculiar desta tartaruga também poderá vir a ser a sua salvação. Em 2009, a construção de uma barragem preparava-se para ameaçar o seu habitat mas uma série de fotos virais transformou-a numa espécie de mascote local.

O assunto ganhou destaque no debate público e os planos da construção da barragem foram cancelados. Mesmo assim, apesar desta vitória, a guerra está longe de terminar. A tartaruga continua ameaçada por animais selvagens, pela criação de gado e pela qualidade da água, que diminuiu significativamente nos últimos 20 anos.

Os biólogos estimam que a sua população total foi reduzida em mais de 95% em relação aos níveis históricos. “Se perdermos esta espécie, não haverá nada como ela na Terra”, conclui Gumbs.

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