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Tartaruga extinta há 150 anos é recuperada nas Galápagos

Brocken Inaglory / Wikimedia

Chelonia mydas, uma das espécies ameaçadas de tartaruga que nidifica nas águas de Moçambique

Um programa conjunto entre a Direção do Parque Nacional Galápagos (DPNG) e a ONG americana Galapagos Conservancy conseguiu recuperar no arquipélago equatoriano das ilhas Galápagos uma espécie de tartaruga que estava extinta há mais de 150 anos.

Segundo o diretor do projeto “Iniciativa para a Restauração das Tartarugas Gigantes”, Washington Tapia, estes animais da espécie “Chelonoidis niger” tinham desaparecido da ilha de Floreana. Tapia lembra que, nos séculos XVI e XVII, Galápagos foi refúgio de piratas e caçadores de baleias que consumiam carne de tartaruga como fonte de alimentação.

Os registos encontrados demonstram que essas “personagens” usavam a ilha de Isabela como último reduto de descanso antes de abandonar Galápagos e que, quando queriam reduzir a carga, atiravam ao mar as tartarugas vivas que carregavam nas embarcações.

Foi assim que tartarugas da ilha de Floreana e de outras espécies chegaram ao vulcão Wolf, no norte da ilha de Isabela, explicou Tapia.

O projeto começou no ano 2000, quando a DPNG e a Universidade de Yale (EUA) recolheram amostras de sangue de tartarugas no vulcão e encontraram uma com genes da espécie da ilha de Pinta.

Após essa descoberta, uma expedição em 2008 recolheu amostras de sangue de outras 1.700 tartarugas, e em 2012 foi descoberto que havia não uma, mas cerca de 80 tartarugas com ascendência de Floreana e algumas de Pinta.

Várias delas agora são usadas para desenvolver o programa de reprodução e criação em cativeiro não só para recuperar a espécie de tartaruga de Floerana, mas para contribuir com a restauração ecológica da ilha.

Tapia explicou que os cascos dos machos das tartarugas “Chelonoidis niger” podem medir até 120 centímetros de comprimento.

“Em Galápagos não há grandes mamíferos. Os mega-herbívoros são as tartarugas e, por Floreana ter perdido as suas tartarugas, há processos ecológicos e evolutivos que estão alterados”, indicou o investigador, que agora espera que o retorno da espécie à sua ilha permita restaurar a “integridade ecológica“.

O programa de reprodução e criação, no qual foi investido cerca de 240 mil euros e que é desenvolvido no centro de criação “Fausto Llerena”, na ilha de Santa Cruz, começou com 20 tartarugas divididas em quatro grupos reprodutores, com três fêmeas e dois machos em cada um.

Quando chegarem aos cinco anos de idade, os exemplares serão levados a Floreana, onde neste momento não há tartarugas.

O arquipélago de Galápagos, que assim foi batizadi devido às grandes tartarugas que habitam as ilhas, está situado a cerca de mil quilómetros da costa continental do Equador e foi declarado em 1978 como Património Natural da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).

As reservas terrestres e marítima, que abrangem uma superfície de 138 mil quilómetros quadrados, contêm uma rica biodiversidade, considerada como um laboratório natural que permitiu ao cientista britânico Charles Darwin desenvolver a teoria sobre a evolução e seleção natural das espécies.

// EFE

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