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As supervacas do Brasil estão quase a dominar o Mundo

A.C. Moraes / Wikipedia

Vacas zebu no Pará, Brasil

No sudeste do Brasil, concursos de beleza bovina ajudam a determinar as vacas geneticamente mais desejáveis do mundo — e estas “supervacas” estão a mudar a indústria da criação de gado como a conhecemos.

A ExpoZebu, maior feira agropecuária do mundo dedicada exclusivamente ao gado zebuíno, realiza-se anualmente em Uberaba, Minas Gerais, no Brasil.

Organizada pela Associação Brasileira dos Criadores de Zebu, é um dos eventos mais tradicionais e influentes do agronegócio brasileiro e internacional, contando com mais de 90 edições desde a sua criação, no início do século XX .

Mais do que uma feira, é um concurso de beleza bovina, conta o The Economist.

As vacas “zebu” de pescoço drapeado que vão a concurso durante o certame são originalmente da Índia, mas estabeleceram-se no país sul-americano no século XIX — inicialmente graças a uma resistência natural ao calor e parasitas, que as raças europeias não tinham, e mais tarde graças a modificações genéticas e clonagem.

Em Minas Gerais, a criação de gado trouxe abundância a uma região conhecida pela sua pobreza, e o zebu, que constitui agora cerca de 80% da população bovina do país com mais de 230 milhões de cabeças, é o seu expoente.

Graças a programas de modificação genética implementados a partir da década de 1970, tanto as plantas que estas “supervacas” comem, como o próprio gado, tornaram-se cada vez mais fortes.

Na década de 1990, quando os programas de reprodução animal começaram a ganhar força no Brasil, o zebu tornou-se literalmente maior — e o peso médio de um animal aumentou 16% desde 1997, observa o The Economist.

Marcam presença nestes concursos compradores de gado todo o mundo, que ali afluem não para comprar vacas individuais, mas para ter acesso aos seus genes.

Estes zebus de elite podes chegar a valer milhões de euros. No ano passado, uma fêmea, com o peculiar nome de Viatina-19 FIV Mara Movéis, tornou-se a vaca mais valiosa do mundo. Custou 3,7 milhões de euros, tem uma equipa de veterinários e até um guarda-costas armado para garantir que se mantém segura e saudável.

Vacas como a Viatina-19 têm três proprietários, cada um com o direito de colher os seus óvulos durante quatro meses do ano e vendê-los a criadores, que irão depois licenciar esses genes a agricultores que pretendem vender a sua carne.

Como seria de esperar, os zebus premiados também são clonados, para garantir que as suas linhas genéticas permanecem intactas, nota o Futurism.

A robustez bovina destas ações de manipulação genética do zebu abriu a porta não só a um maior acesso à carne de vaca, mas também a uma cadeia de abastecimento mais segura.

A Organização Mundial da Saúde Animal está agora prestes a declarar o Brasil como país livre de febre aftosa — uma vantagem não só para a agropecuária brasileira, que se prepara para dominar os mercados mundiais com as suas supervacas, mas também para a segurança e higiene alimentar em todo o mundo.

ZAP //

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