Cientistas descobriram como é que uma das principais bactérias que causa infeções hospitalares escapa ao nosso sistema imunitário.
O estafilococo dourado é uma bactéria omnipresente que geralmente vive de forma pacífica na pele ou dentro do nariz de quase um terço da população mundial. No entanto, há situações que em podem causar infeções perigosas e desenvolver uma resistência aos antibióticos.
Um novo estudo publicado na eLife revela detalhes importantes sobre como esta bactéria se esconde dentro das células humanas, um truque que usam para escapar às defesas do nosso sistema imunitário.
A bactéria é geralmente um membro benigno do nosso microbioma, mas pode ser perigosa quando consegue entrar dentro da nossa pele, por exemplo, através de uma ferida aberta que tenhamos, explica o Science Alert.
Para o novo estudo, os investigadores criaram uma nova técnica chamada InToxSa (que significa Toxicidade Intracelular de S. Aureus). Isso permitiu que estudassem o comportamento do estafilococo dourado dentro das células humanas numa escala maior, com mais velocidade e eficiência.
A pesquisa sugere que a chave para impedir que o S. aureus mate pessoas pode estar em aprender mais sobre como as bactérias impedem que o nosso próprio sistema imunológico as mate.
“Identificamos os genes que controlam a capacidade da bactéria de persistir dentro das células hospedeiras sem as matar. Este é um avanço importante para entender como o S. aureus pode causar infecções letais”, explica o imunilogista e autor principal do estudo Abdou Hachani.
O estafilococo dourado é frequentemente considerado um patógeno extracelular, que é um micróbio capaz de causar doenças sem invadir as células do seu hospedeiro. Mas não é sempre extracelular e pode também sobreviver e replicar-se dentro das células do hospedeiro, uma estratégica que ajuda a bactéria a passar despercebida e não ser detetada pelo sistema imunitário.
A equipa estudou 387 estirpes de estafilococos dourados de pacientes que tinham a espécie viva no seu sangue. Foram identificadas mutações específicas que tornam o S. aureus menos tóxico para as células hospedeiras e promovem a sua “persistência intracelular”.
Esta descoberta pode ajudar-nos a prevenir e tratar as infeções de forma mais eficaz. Isto é especialmente importante devido ao surgimento de estirpes resistentes, como o Staphylococcus aureus resistente à meticilina, também conhecido como MRSA, um dos principais culpados pela maior prevalência de infeções hospitalares que podem resistir até mesmo aos antibióticos mais fortes.