Sulemana já tem quase 3 metros. A luta pelo Homem Mais Alto do Mundo aqueceu

Um hospital local no norte do Gana informou Sulemana Abdul Samed, de 29 anos, que media 2,89 metros de altura — o que faria dele o homem mais alto do mundo. Mas havia um problema: a clínica não podia ter certeza da sua altura, porque não tinha ferramentas de medição adequadas.

Diagnosticado com gigantismo há alguns anos, o jovem estava numa consulta mensal para lidar com as complicações da sua condição quando foi lhe foi pedido que ficasse em pé contra uma régua.

A enfermeira ficou surpreendida: “Cresceste mais do que a régua”.

Mais conhecido pela alcunha de Awuche, Sulemana não se surpreendeu ao saber que estava mais alto, já que nunca parou de crescer.

A enfermeira de plantão chamou uma colega, que por sua vez pediu ajuda a outra. Em pouco tempo, um grupo de enfermeiros e auxiliares reuniu-se para resolver o mistério e determinar a sua altura.

Quando o jornalista da BBC Favour Nunoo encontrou Awuche pela primeira vez, há alguns meses, não levava uma fita métrica. Para resolver o problema, voltou à aldeia de Gambaga com uma fita com cerca de 4,9 metros.

Um pequeno problema foi encontrar uma parede suficientemente alta, visto que Awuche é mais alto do que a maioria das casas do seu bairro. Quando encontraram o edifício adequado, tirou os sapatos — na realidade, chinelos de borracha de pneu feitos sob medida — e um dos seus vizinhos subiu a um banco para marcar a parede.

Ao medi-lo, o jornalista verificou que o jovem tinha na altura 2,23 metros, e salientou que o recorde de homem mais alto do mundo era detido pelo turco Sultan Kosen, com 2,51 metros. “Ainda estou a crescer. Quem sabe, talvez um dia, possa chegar a essa altura também”, comentou Awuche.

“A cada três ou quatro meses, cresço… Se não me vês há três ou quatro meses, percebes que eu cresci quando me encontras”, explicou.

Sulemana tem agora 2,89 metros, e sonha ser reconhecido como o mais alto do mundo. Oficialmente, o título ainda pertence a Sultan Kosen  — que, em 2013, comprou sapatos 58 e se casou.

Está então aberta a luta pelo recorde de Homem Mais Alto do Mundo do Guinness World Records, mas parece inevitável que, mais cedo ou mais tarde, a vitória sorria a Awuche.

O aumento de altura começou a tornar-se notório quando Awuche tinha 22 anos e morava na capital, Acra. O jovem tem síndrome de Marfan, um distúrbio raro do tecido conjuntivo que causa anomalias nos ossos, olhos e outras partes do corpo, como a coluna.

Awuche trabalhava num talho, poupando dinheiro para pagar a escola. Certa manhã, acordou confuso: “percebi que a minha língua se tinha expandido na boca a ponto de não conseguir respirar bem”, contou. Dias depois percebeu que todas as outras partes do seu corpo também tinham começado a aumentar de tamanho.

Quando a família e amigos o visitavam, todos comentavam o seu crescimento. Foi então que se deu conta de que, gradualmente, estava a transformar-se num gigante. Procurou então ajuda médica.

A sua coluna vertebral ficou anormalmente curvada, um dos sintomas da sua condição, causada por mutações no gene que codifica uma proteína chamada fibrilina — que resulta em membros anormalmente longos, com as complicações mais graves a envolverem problemas cardíacos.

Os médicos dizem que Awuche precisa de se submeter a um procedimento cirúrgico no cérebro para interromper o crescimento. Mas o seguro público de saúde do Gana não cobre a cirurgia, fornecendo apenas tratamento básico.

Há seis anos, os problemas de saúde obrigaram-no a voltar para a sua aldeia e a desistir do sonho de se tornar motorista. “Até quando ajusto o banco para trás, não consigo segurar no volante… não consigo esticar as pernas porque os meus joelhos batem no volante”.

Agora vive com um irmão, e conseguiu abrir um pequeno negócio de venda de saldo para telemóveis. Mas deixou de conseguir praticar desporto. “Costumava jogar futebol como qualquer jovem, era atlético, mas agora nem sequer consigo andar distâncias curtas”, explicou.

Apesar das dificuldades, Awuche mostra-se esperançoso — é uma celebridade local. Algumas pessoas pedem-lhe para tirar selfies — até estranhos se aproximam para perguntar se ele é o “gigante” que viram nas redes sociais. “Normalmente digo sim, chegue-se mais perto; paramos e tiramos boas fotos”, relatou.

O jovem diz que está grato à família pelo apoio emocional, e que não conhece outros familiares que tenham a mesma condição de saúde. “Nenhum deles é alto, eu sou o mais alto da família”.

A sua prioridade agora é tentar juntar dinheiro para tratar um problema grave de pele numa perna causado pelo crescimento excessivo do membro. Ao olhar para os dedos dos pés, Awuche recusa-se a ficar desanimado.

“Foi o que Alá escolheu para mim, estou bem. Não tenho problemas com a forma como Deus me criou”, concluiu.