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Stephen Hawking quer energizar a terra com mini buracos negros

M.Weiss / CXC / NASA

Conceito artístico do buraco negro Cygnus X-1

Há várias formas, práticas e teóricas, de gerar energia. Entre outros métodos, podemos recolher a energia que o sol emite, fazer colidir hidrogénio para produzir hélio, recolhendo a energia que sobra, recolher a energia que resta quando o urânio decai. Mas o físico Stephen Hawking sugeriu agora mais uma forma: usar mini buracos negros.

Originalmente, os cientistas acreditavam que os buracos negros eram regiões com matéria tão densa que nada escapava delas, nem mesmo a luz.

Mas em 1974, Stephen Hawking resolveu estudar o comportamento quântico em torno do buraco negro e, para seu espanto, chegou à conclusão de que os buracos negros emitiam radiação.

O resultado teórico foi entretanto confirmado por outros cientistas, usando outras abordagens, e hoje essa emissão é chamada de Radiação Hawking.

A quantidade de radiação Hawking emitida depende do tamanho do buraco negro: buracos maiores emitem menos radiação, enquanto os mini buracos negros emitiriam bastante radiação Hawking.

Numa palestra dada à BBC no dia 2 de fevereiro, Stephen Hawking sugeriu agora uma forma de usar estes mini buracos negros para gerar energia.

Segundo Hawking, “um buraco negro com a massa equivalente a uma montanha emitiria raios-X e raios gama a uma taxa de cerca de 10 milhões de megawatts – o suficiente para atender a demanda de energia do planeta”.

“Mas não será fácil, no entanto, recolher a energia de um mini buraco negro. Não dá para manter um buraco negro numa estação geradora, ele simplesmente cairia pelo chão e terminaria no centro da Terra”, explica o consagrado astro-físico.

Mas este não é o único problema prático.

Antes de mais, ninguém até hoje encontrou qualquer prova da existência destes mini buracos negros, e há boas razões para duvidar da sua existência.

Teoricamente, estes mini buracos negros ter-se-ão formado muito cedo na história do Universo, quando a matéria se encontrava ainda na forma de uma nuvem densa de plasma.

(dr) Håkan Lindgren

Segundo Stephen Hawking, “podemos criar micro buracos negros nas dimensões extras do espaço-tempo”.

Segundo Stephen Hawking, “podemos criar micro buracos negros nas dimensões extras do espaço-tempo”.

A densidade nesta nuvem não era uniforme, e em alguns pontos chegaria a valores tão altos que formaria os tais mini buracos negros.

Só que para tal acontecer, a flutuação de densidade do plasma tem que ser tão grande, que a quantidade de buracos negros produzidos teria que ser muito maior do que a quantidade presentemente conhecida.

Mas se for este o caso, então estes buracos negros devem estar no espaço, a vaguear por aí.

Como caçar um mini buraco negro

Para usar mini buracos negros como fonte de energia, é preciso encontrar e rebocar um deles para próximo da Terra.

Colocar o mini buraco negro em órbita da Terra não deve ser problema, mas encontrar e rebocar um mini buraco negro… sim, é um problema.

Segundo Sabine Hossenfelder, física do Nordic Institute for Theoretical Physics, encontrar estes buracos negros pode levar dezenas ou centenas de milhares de anos.

Além disso, como um buraco negro não tem superfície, não há forma de “agarrar” um deles – tem que ser rebocado gravitacionalmente, colocando uma massa enorme na sua proximidade, a funcionar como um íman.

Quando o mini buraco negro se desloca em direcção à massa, esta é movida na direcção pretendida.

Recolher a energia e proteger a humanidade da radiação emitida pelo mini buraco negro também deve dar algum trabalho. Mas esta é a parte mais fácil, se considerarmos as outras tarefas.

Mas uma outra opção é fabricar os mini buracos negros aqui na Terra.

Segundo Hawking, “podemos criar micro buracos negros nas dimensões extras do espaço-tempo”.

Só que estas dimensões extra podem ou não existir. Até agora, o LHC – Grande Colisionador de Hadrões – do CERN não encontrou nenhum sinal destas dimensões.

E mesmo que existam estas dimensões extras, isto não significa que um mini buraco negro feito em colisores de partículas, como o LHC, possam ser usados para produzir energia. O problema, neste caso, é o tempo de vida das partículas, 10^-23 segundos.

E para terminar, há ainda o pequeno problema de não ser certo que andar a criar buracos negros e dimensões extra no nosso quintal seja grande ideia.

ZAP / HypeScience

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