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Stephen Hawking acaba com os buracos negros

NASA

O físico britânico Stephen Hawking

O físico britânico Stephen Hawking

Qualquer físico suficientemente imprudente para publicar um artigo a anunciar ao mundo que “não há buracos negros” – pelo menos não como os conhecemos – seria simplesmente ignorado e dado como tolo. Mas quando a afirmação parte de Stephen Hawking, o maior físico dos nossos tempos, certamente capta a atenção do mundo.

Num artigo publicado esta semana, o físico britânico Stephen Hawking, da Universidade de Cambridge, acaba com a noção do “Horizonte de Eventos“,  a fronteira teórica de um buraco negro, a partir da qual a força da gravidade é tão grande que nada, nem mesmo a luz, pode escapar.

Em vez do “Horizonte de Eventos”, Hawking propõe um conceito muito mais pacífico de “Horizonte Aparente“, que apenas retém temporariamente prisioneiras a matéria e a energia, para depois as libertar, embora numa forma mais difusa.

“Na física clássica não há forma de fugir de um buraco negro”, diz à Nature o icónico Hawking, um dos criadores das teorias modernas dos buracos negros, “mas a Teoria Quântica permite que a informação escape de um buraco negro”.

Hawking admite que uma explicação do processo requereria uma teoria que conjugasse com sucesso a gravidade com as outras forças fundamentais da Natureza. Mas esse é um objectivo que os físicos procuram alcançar – sem sucesso – há mais de um século.

A nova teoria de Hawking foi publicada online no dia 22, com o caprichoso título de “Preservação de Informação e Previsão do Tempo nos Buracos Negros“, e tem agora que passar pelo crivo do peer review, a revisão pelos seus pares.

A teoria é a tentativa de Hawking de resolver o “black hole firewall paradox“, ou “paradoxo do anel de fogo do buraco negro”, que embaraça os físicos há quase dois anos, desde a sua descoberta pelo físico teórico Joseph Polchinski.

Segundo a descoberta de Polchinski, ao contrário do que os físicos pensavam, se um infeliz astronauta caísse num buraco negro, não seria terrivelmente distorcido ao infinito ao atravessar o buraco negro, mas seria antes tragicamente consumido num anel de fogo criado pela enorme concentração de energia no limiar do buraco negro.

O artigo publicado foi baseado na palestra “Fuzz or Fire” que Hawking deu via Skype em agosto, num encontro no Instituto Kavli de Física Teórica de Santa Bárbara, na Califórnia.

Veja aqui o vídeo da palestra:

Aguardam-se agora novos desenvolvimentos das afirmações de Hawking.

Mas seja a sua teoria correcta, seja válida ainda a teoria clássica, ou fique o paradoxo por resolver, não faltarão fantásticas e criativas formas novas de dar um destino atroz aos infelizes astronautas que protagonizam as melhores histórias de S/F.

AJB, ZAP

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