“Logo eu, que sou poupadinha”. Arrancou o julgamento da ex-presidente da Raríssimas

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Rarissimas / Facebook

A ex-presidente da Raríssimas, Paula Brito e Costa

Em causa estão suspeitas de que Paula Brito e Costa terá usado verbas da instituição para fins pessoais, como compras de roupas de luxo, idas a cabeleireiros e fatos de homem.

Paula Brito e Costa, ex-presidente da Associação Nacional de Deficiências Mentais e Raras – Raríssimas, já está a ser julgada no Campus da Justiça em Lisboa, acusada de abuso de confiança e falsificação de documento. As acusações incluem gastos pessoais indevidos com verbas da instituição, como a compra de roupas de luxo e outros itens.

Durante o julgamento, a juíza Margarida Alves expressou incredulidade diante das justificativas de Paula Brito e Costa para os gastos. A acusada defendeu-se alegando que parte dos gastos eram despesas legítimas de representação e que outros eram pessoais, justificados como parte de seu salário em ajudas de custo.

Entre os itens mencionados estavam vestidos de centenas de euros, fatos de homem, despesas de cabeleireiro, e até mesmo produtos de beleza e fixadores de dentaduras postiças, enumera o Público.

“Era um horror arranjar esse valor em facturas”, queixou-se Paula Brito e Costa ao longo do interrogatório. “E logo eu, que sou poupadinha.”

A ex-presidente da Raríssimas também se viu questionada sobre a necessidade de um carro de gama alta para a instituição. A aquisição de um BMW foi patrocinada por uma farmacêutica, justificou Paula Brito e Costa, mas a juíza questionou a racionalidade da decisão, sugerindo que os veículos utilitários seriam mais adequados para as necessidades da associação.

Paula Brito e Costa negou também ter usado o cartão de crédito da instituição para despesas pessoais, mas não conseguiu explicar a compra de fatos de homem com o mesmo e sugeriu que o tesoureiro da Raríssimas poderia ter usado o cartão indevidamente.

O Ministério Público calcula que o valor dos bens e serviços obtidos ilegitimamente pela ex-dirigente, além das quantias recebidas como ajudas de custo e reembolso de despesas, ascende a 102.663,54 euros. Apesar das suas alegações de seguir apenas instruções dos serviços da associação, a juíza recordou que Brito da Costa tinha experiência prévia em gestão, tendo sido proprietária de um quiosque de jornais.

Paula Brito e Costa também revelou que tinha autorização da Raríssimas para gastar até 1000 euros mensais em roupas para eventos. Após o seu afastamento em dezembro de 2017 devido a alegações de gestão danosa, a Raríssimas comprometeu-se a pagar-lhe 74 mil euros em prestações mensais, mas agora reclama mais de 452 mil euros, parte dos quais relacionados com a quebra de donativos e danos à reputação da instituição.

O escândalo também envolve o marido e o filho de Paula Brito da Costa, que trabalharam para a instituição enquanto ele recebia subsídio de desemprego. Além disso, a contratação de Manuel Delgado, ex-secretário de Estado da Saúde, também foi abordada, com o diretor financeiro da associação, Jorge Oliveira Nunes, a testemunhar que Delgado foi pago por serviços prestados à associação.

ZAP //

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