Um estudo, em larga escala, de 24 mil sonhos mostra que estes momentos durante o sono são uma continuação do que acontece na nossa vida quotidiana.
Um dos sistemas mais conhecidos para interpretar sonhos é o Hall e Van de Castle, que codifica os sonhos em termos das personagens que aparecem neles, as suas interações e os efeitos que essas mesmas interações têm posteriormente nas personagens, entre muitos outros conceitos.
No entanto, um problema deste sistema é que pode ser bastante lento e demorado, razão pela qual os cientistas da área continuam à procura de soluções que envolvam algoritmos para poder automatizar o processo.
De acordo com o site Science Alert, uma equipa de investigadores descobriu uma nova forma de o fazer, e ainda para mais em grande escala, tendo analisado um conjunto de 24 mil sonhos de um banco de dados público chamado DreamBank.
“Desenvolvemos uma ferramenta que automaticamente pontua relatórios de sonhos, operacionalizando a escala de análise de sonhos amplamente usada pelo Hall e Van de Castle”, explica a equipa no estudo publicado, a 26 de agosto, na revista científica Royal Society Open Science.
“Validámos a eficácia da ferramenta em relatórios de sonhos anotados à mão e testámos o que os cientistas do sono chamam de ‘hipótese de continuidade’ nesta escala sem precedentes”, continuam.
Segundo o mesmo site, esta ferramenta simplifica o sistema Hall e Van de Castle, analisando o texto dos relatos dos sonhos e focando-se nas personagens, nas interações sociais e nas palavras emocionais.
“Estas três dimensões são consideradas as mais importantes para ajudar na interpretação dos sonhos (…), pois definem a espinha dorsal do enredo de um sonho: quem estava presente, quais as ações realizadas e quais as emoções expressadas.”
Quando a equipa comparou a sua ferramenta de processamento de linguagem com as notas feitas à mão, os resultados corresponderam cerca de três quartos das vezes. Este não é o resultado perfeito, mas já é um sinal promissor que sugere que desenvolvimentos tecnológicos como este podem levar a novos tipos de avanços na pesquisa dos sonhos.
Os cientistas também encontraram nos seus dados evidências para apoiar a ‘hipótese da continuidade’ – a noção de que os sonhos são uma continuação do que acontece na nossa vida quotidiana.
É possível explorar algumas das suas análises, baseadas nos sonhos de pessoas reais, neste site oficial, que replica os dados do projeto.