Pólen traz risco moderado a elevado para doentes alérgicos até 20 de junho — mas a chuva prevista para os dias seguintes vai “lavar” a atmosfera.
A concentração de pólen na atmosfera regista valores de risco moderado a elevado para os doentes alérgicos a partir de hoje e até 20 de junho, indicou a Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica (SPAIC).
A alergia ao pólen é um tipo de alergia respiratória muito comum que se manifesta principalmente na primavera, causando sintomas como tosse seca, especialmente durante a noite, comichão nos olhos, garganta e nariz.
Nas regiões de Trás-os-Montes, Alto Douro, Entre Douro, Minho e Algarve prevê-se um risco moderado, enquanto nas regiões do Centro e do Alentejo poderá ser elevado.
“No Arquipélago dos Açores, a concentração de pólen irá atingir até um risco moderado, enquanto no Arquipélago da Madeira a concentração polínica se mantém baixa”, referiu a SPAIC em comunicado.
A SPAIC adiantou que, ao longo da semana, estão previstos alguns dias de chuva, “com maior incidência nas regiões do Norte do país”, pelo que, devido ao efeito “lavagem da atmosfera”, se espera que a concentração polínica se mantenha baixa nesses dias.
Quanto à proveniência dos grãos de pólen, destacam-se na atmosfera do continente os das ervas gramíneas e urticáceas (inclui a parietária), “que vão atingir valores de risco elevado para os doentes alérgicos a estes pólenes, em algumas regiões do país”, os das árvores oliveira, castanheiro, sobreiro e carvalhos e também das “ervas tanchagem, urtiga, azeda, quenopódios e bredos”.
Nas regiões autónomas da Madeira e dos Açores, o pólen atmosférico é proveniente das árvores eucalipto, pinheiro e cipreste (criptoméria e castanheiro nos Açores) e das ervas urticáceas (inclui a parietária), urtiga, tanchagem e gramíneas, segundo as previsões no Boletim Polínico para a semana de 14 a 20 de junho.
Alergias ao pólen estão a piorar
As alergias ao pólen estão a piorar a nível mundial, e a culpa é nossa, sugerem especialistas. Cuidados excessivos com higiene e a urbanização são alguns dos culpados.
A alergia é uma resposta exagerada do sistema de defesa do organismo que erradamente passa a identificar determinadas substâncias inocentes e habitualmente toleradas pela maioria das pessoas (pólen, ácaros do pó, etc.) como sendo nocivas e desenvolve uma estratégia para as eliminar.
Embora importante, o pólen pode ser reconhecido como um agressor pelo nosso sistema imunitário se não estivermos expostos a ele o suficiente.
“É por isso que as pessoas que crescem no campo são menos alérgicas do que os citadinos, pelo menos em teoria”, diz Gilles Oliver, engenheiro do Le Réseau National de Surveillance Aérobiologique, uma organização que monitoriza pólen em França, em declarações à Vice.
Esta é uma das muitas hipóteses que os investigadores têm para explicar por que as alergias ao pólen estão a aumentar. Cada vez mais pessoas estão a mudar-se para as cidades, mas a urbanização não pode ser a única culpada.
Oliver diz que outra explicação possível pode estar associada às práticas modernas de higiene.
“Limpamos demasiado”, explica. “Não estamos mais acostumados a entrar em contacto com alergénios, o que significa que o nosso corpo reconhece algumas coisas como inimigas, quando não deveria”.
Oliver acha ainda que a principal causa do aumento de alergias em França é provavelmente a poluição do ar.
Além das alterações climáticas, algumas das nossas escolhas de jardinagem também pioraram as coisas. Os planeadores urbanos optam por plantar certos tipos de árvores por causa do seu valor estético, mas não têm em consideração o seu impacto nas alergias.
Uma das principais estratégias para evitar isto passar por diversificar as espécies plantadas, pois a maioria das pessoas só é alérgica ao pólen de algumas árvores quando está acima de uma determinada concentração.
ZAP // Lusa