José Sócrates afirmou detestar “o convívio com tal personagem” que é Ricciardi. Sobre a alegada amizade com Ricardo Salgado, garante: “não tinha o seu telefone nem sabia onde morava”, pelo que “o senhor Ricciardi mentiu ao tribunal”.
Pouco depois de José Maria Ricciardi dizer em tribunal que o ex-presidente do Grupo Espírito Santo (GES), Ricardo Salgado, influenciou Sócrates a levar Manuel Pinho para o Governo em 2005, José Sócrates veio desmentir a “patranha” do antigo administrador do BES Investimento.
O ex-primeiro-ministro acusou esta sexta-feira Ricciardi de mentir e dizer que Ricardo Salgado, ex-presidente do GES, o influenciou a convidar Manuel Pinho para ministro da Economia.
Numa declaração à agência Lusa, Sócrates disse que Ricciardi “repete há dez anos a mesma patranha, de que é “próximo de Ricardo Salgado” e “não é verdade”, alegando que foi o atual primeiro-ministro, António Costa, quem lhe apresentou Manuel Pinho, antes de ter ganho as eleições, pelo PS, em 2005.
“Foi o dr. António Costa que nos apresentou [Sócrates e Pinho], num encontro casual no final de um jogo do Euro 2004. Esclareço também que o dr. Manuel Pinho já colaborava com o Partido Socialista durante a liderança de Ferro Rodrigues, antes, muito antes, de eu ser eleito líder do PS”, segundo o antigo chefe do Governo socialista, que se desfiliou do partido após o processo Marquês, em 2014.
Ouvido como testemunha na quinta sessão do julgamento do Caso EDP, em Lisboa, o antigo administrador do BES revelou que Salgado lhe disse que tinha estado na origem da ida de Pinho para o executivo, assegurando que o ex-presidente do GES tinha “uma relação íntima” com Sócrates.
“Mais tarde comunicou-me pessoalmente a mim que ele, Ricardo Salgado, tinha tido interferência na ida dele [Manuel Pinho] para o Governo”, disse José Maria Ricciardi, primo de Ricardo Salgado, acrescentando que “[Quem exerceu influência] foi Ricardo Salgado sobre o [então] primeiro-ministro, José Sócrates… Para ministro da Economia”.
Reforça ainda Ricciardi que Ricardo Salgado deu instruções de que “era o único interlocutor” do BES com o ex-primeiro-ministro José Sócrates e que o ex-banqueiro “passava a vida em São Bento”.
“Tive uma instrução de [Ricardo Salgado] que quem falava com José Sócrates era ele e mais ninguém. E eu até conhecia José Sócrates antes de ser primeiro-ministro”, adiantou Ricciardi, sublinhando que o antigo presidente do Grupo Espírito Santo (GES) “era o único interlocutor”.
“Tenho a certeza de que havia uma relação de intimidade entre Ricardo Salgado e José Sócrates pela prática dos dias”, disse.
Reiterou ainda que Salgado “exercia poder absoluto” no BES e que quem o contestava “arriscava ter problemas”, como veio a ser o seu caso, quando foi o único a votar contra na votação de confiança ao antigo presidente do GES.
Sócrates na “necessidade de o desmentir”
Depois de ler estas declarações, José Sócrates afirmou detestar “o convívio com tal personagem”, pelo que diz sentir-se na “necessidade de o desmentir agora” como o desmentiu ao longo dos últimos dez anos.
“Nunca fui próximo de Ricardo Salgado e até ser primeiro-ministro estive uma única vez com ele, quando era ministro do Ambiente e o recebi, a seu pedido, no ministério. Nunca mais o vi até ser primeiro-ministro. Não era meu amigo, não tínhamos amigos comuns, não frequentámos os mesmos círculos sociais”, disse Sócrates, alegando tê-lo provado no processo marquês em 2014.
“Não tinha o seu telefone nem sabia onde morava”, pelo que “o senhor Ricciardi mentiu ao tribunal”, concluiu.
José Sócrates foi acusado no processo Operação Marquês pelo MP, em 2017, de 31 crimes, designadamente corrupção passiva, branqueamento de capitais, falsificação de documentos e fraude fiscal, mas na decisão instrutória, em 2021, o juiz Ivo Rosa ilibou o ex-primeiro-ministro de 25 dos 31 crimes, pronunciando-o para julgamento por três crimes de branqueamento de capitais e três de falsificação de documentos.
De recordar que estes crimes estão próximos de prescrever. Advogados do processo, contactados pelo Correio da Manhã já em janeiro, admitem que é praticamente impossível que haja julgamento e sentença antes de 2024, data da prescrição.
No caso EDP, Manuel Pinho, em prisão domiciliária desde dezembro de 2021, é acusado de corrupção passiva para ato ilícito, corrupção passiva, branqueamento e fraude fiscal.
ZAP // Lusa
Tomam os Portugueses por ignorantes . Parecem “Putos” a lançarem as culpas de uns para os outros , cambada de charlatões ! …………. Portugal sem rumo , o cancro mafioso alastrou-se a todas as areas !