Só quatro médicos aceitaram reforçar hospitais do Algarve no verão

Felipe Pilotto / Flickr

No ano passado, foram sete os profissionais que se voluntariaram para o programa de mobilidade especial lançado pelo Governo para dar resposta ao aumento da população, de junho a setembro.

O programa de mobilidade especial que pretende reforçar os cuidados hospitalares na zona sul do país durante o verão em que há um acréscimo na população – estima-se que a população passe dos 500 mil habitantes para mais de 1,5 milhões – foi lançado pela segunda vez, mas a medida voltou a ter um impacto reduzido.

Se em 2016 apenas sete médicos aceitaram a mobilidade para aquela região entre junho e setembro, este ano, só quatro médicos se voluntariaram.

Segundo o Diário de Notícias, o despacho foi publicado em Diário da República a 7 de junho e, embora sem apontar números, pedia médicos para anestesiologia, ortopedia, ginecologia/obstetrícia, pediatria, medicina interna, cirurgia geral, nefrologia e oncologia, especialidades identificadas como sendo as mais carenciadas.

O sistema é voluntário e os médicos cumprem o mesmo horário e recebem o mesmo vencimento, como nos hospitais de origem. A contrapartida está nas ajudas de custo, que vão dos 50 aos 200 euros, dependendo se pernoitam na zona e se há necessidade de subsídio de transporte.

O presidente do conselho de administração do Centro Hospitalar do Algarve (CHA), que integra os hospitais de Faro e de Portimão, Joaquim Ramalho, disse que os quatros médicos – que vieram de Lisboa, Viseu, Bragança e Açores – estarão na região em julho e agosto, devendo ficar até meados ou final de setembro. São especialistas de anestesia, ortopedia, neurologia e medicina geral e familiar.

Apenas quatro clínicos não cobrem as necessidades da região, ainda mais no verão, quando a população triplica, mas Joaquim Ramalho sublinha que este reforço trouxe ganhos: “Em termos de custo direto, podemos ter aqui, em média, uma economia de 20% a 30%” em relação ao que seria os custos das prestações de serviço para cumprir o mesmo número de horas.

“Mas há outro tipo de ganhos, que tem a ver com o podermos contar com um profissional durante um período e planificarmos as escalas com outra segurança. Por outro lado, são profissionais que estão integrados em equipa nos seus hospitais e há toda uma prática clínica que é mais fácil de enquadrar com as nossas equipas”, diz.

Sobre a fraca eficácia da medida, Joaquim Ramalho lembra que depende da disponibilidade dos serviços de origem – embora não seja preciso autorização prévia, tem de ficar garantido que o serviço não fica desfalcado – e do próprio profissional. Mas admite que poderá ser mais efetivo se houver “uma programação mais atempada”.

O presidente do conselho de administração do Centro Hospitalar do Algarve sugere que em maio se faça um levantamento dos hospitais e das especialidades que podem disponibilizar médicos. “Em junho, já todos estaríamos organizados e se houvesse interessados poderíamos ter um número maior de profissionais no verão”.

ZAP //

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