Só precisamos de alguns segundos para criarmos falsas memórias — e acreditarmos nelas

Novo estudo científico tenta identificar a evolução da memória a curto prazo, depois de as investigações se terem centrado, de forma frequente, na memória a curto prazo.

Se a sua memória tende a falhar-lhe, temos más notícias para si. De acordo com os resultados de um estudo científico, a memória humana pode ser ainda menos confiável do que se pensava, já que os investigadores concluíram que os humanos precisam apenas de segundos após um evento para criar uma falsa memória. A primeira tese diz-nos que podem ser as expectativas a potenciar este fenómeno.

Tal como destaca o site Gizmodo, ao longo dos anos tornou-se claro que o processo que leva à criação de memórias humanas tem muitas falhas, com vários estudos a revelarem que o processo que visa a sua criação leva as pessoas a acreditar erradamente que determinados eventos acontecerem nas suas vidas. Por vezes, estão em causa episódios banais, como perder-se dos pais num centro comercial ou ser mordido por um animal.

No entanto, as situações podem extremar. Por exemplo, indivíduos já foram acusados (e condenados) de crimes tendo por base memórias que surgiram anos após os factos.

Uma tendência recorrente nas investigações deste tópico é o foco na memória a longo prazo, pelo que um novo estudo, assinado por investigadores dos Países Baixos, do Reino Unido e do Canadá quiserem debruçar-se sobre as falhas das falhas da memória a curto prazo.

“Este estudo é único de duas maneiras, na nossa opinião. Primeiro, explora a memória para eventos que basicamente acabaram de acontecer, entre 0,3 e 3 segundos atrás. Intuitivamente, pensaríamos que estas memórias são muito fiáveis, explicou Marte Otten, autor principal da investigação e neurocientista da Universidade de Amesterdão. “Como segunda característica única, perguntamos explicitamente às pessoas se acham que as suas memórias são fiáveis – quão confiantes estão quanto à sua resposta?”.

Contaram, na investigação, com a participação de centenas de voluntários ao longo de quatro experiências que previa o cumprimento de quatro tarefas. Tinham de olhar para algumas letras e posteriormente recordar quais as sublinhas. Para complicar, os cientistas usaram letras que por vezes estavam invertidas, pelo que os participantes tinham de lembrar se a letra selecionada estava corretamente desenhada.

A equipa de investigadores também procurou saber se os voluntários estavam confiantes ou não relativamente às suas respostas.

De acordo com os resultados, os participantes conseguiam lembrar com frequência as letras, mas de forma específica. Por exemplo, alcançaram bons resultados a indicar as letras mostradas, mas mostraram dificuldades quando os símbolos estavam invertidos. Curiosamente, a memória também pareceu piorar quando os voluntários demoravam mais tempo a lembrar-se de algo.

De forma resumida, a memória humana começa a formar-se quase imediatamente a seguir à perceção de determinado evento. A expectativa dos indivíduos ao contactarem com as letras é que estas apresentem uma forma normal, não invertida.

Esta previsão não parece, no entanto, fazer efeito imediato, uma vez que a memória a curto prazo das pessoas parece ser melhor quando tinham de ser especialmente rápidas. “É apenas quando a memória se torna menos fiável através da passagem de um pequeno período de tempo ou da adição de informação visual extra, que as expectativas internas sobre o mundo começam a desempenhar um papel”, disse Otten.

ZAP //

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