Sismo: mais de 35 mil mortos. Houve um “milagre” com portugueses numa cidade de tendas

Tolga Bozoglu/EPA

Balanço oficial não pára de aumentar. A grande maioria dos falecidos continua a ser registado na Turquia – e o número poderá duplicar.

O número de mortos provocados pelos sismos que abalaram a Turquia e a Síria há uma semana ultrapassou os 35 mil, anunciaram as autoridades dos dois países, nesta segunda-feira.

As autoridades turcas disseram que registaram 31.643 mortos no país, enquanto do outro lado da fronteira há 3.581 mortos confirmados, segundo fontes oficiais citadas pela agência francesa AFP.

A ONU disse, no domingo, que o balanço de vítimas mortais poderá duplicar, dado que milhares de pessoas continuam sob os escombros dos prédios que colapsaram.

Os sismos ocorreram em dois locais diferentes da Turquia, junto à fronteira com a Síria, tendo atingido magnitudes de 7,8 e 7,5 na escala de Richter, com réplicas fortes, uma das quais de 6,0.

Vários países, incluindo Portugal, enviaram equipas especializadas de busca e salvamento para a Turquia, mas a ajuda à Síria tem sido dificultada pela guerra civil iniciada em 2011.

O conflito na Síria já matou quase meio milhão de pessoas e devastou as infraestruturas do país.

A região afetada pela catástrofe de há uma semana, no noroeste da Síria, é uma das que estão sob controlo de forças rebeldes que combatem o regime do Presidente Bashar al-Assad, que conta com o apoio da Rússia e do Irão.

Alegria e milagre no meio da destruição

No sábado, a equipa portuguesa que está a ajudar na Turquia conseguiu resgatar Baran, uma criança de 10 anos, em Hatay, afirmou a secretária de Estado da Proteção Civil.

“Uma alegria sem precedentes! Ao terceiro dia de missão, a Força Nacional portuguesa na Turquia resgata com vida uma criança presa nos escombros! Anos de treino, exercícios e formação… Não há melhor recompensa!”, escreveu Patrícia Gaspar, na sua conta na rede social Twitter.

As operações de resgate demoraram três horas e meia: “Acabou por acontecer um milagre, porque a esperança é a última a morrer e cá vamos continuar, à espera de salvarmos mais pessoas”, comentou o comandante da missão portuguesa, José Guilherme.

Baran esteve debaixo dos escombros durante cinco dias mas saiu vivo da tragédia. Teve sempre um tradutor a falar com ele, durante o resgate.

António Gandra, médico e director regional do Norte do INEM, também está nessa missão portuguesa. E contou que a cidade turca “encontra-se completamente destruída, sem electricidade e sem água”.

“A população de Hatay está a viver em tendas, todos perderam familiares, amigos e muitos as suas casas”, descreveu, no Jornal de Notícias.

António Gandra tem visto à sua frente um “cenário devastador”, mas continuam a ser elaboradas “missões de busca e salvamento” naquela zona.

A missão portuguesa na Turquia tem 26 militares da Guarda Nacional Republicana, 15 membros do Regimento Sapadores Bombeiros, cinco elementos da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil e cinco elementos do INEM.

“ZAP” // Lusa

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