Batalha cada vez mais evidente entre influencers e redes sociais. Já se fala em sindicato dos influencers – fartos dos algoritmos incompreensíveis.
As redes sociais são essenciais na rotina dos influencers. Aliás, se pensarmos bem, só há este tipo de influência global porque as redes sociais são globais.
As plataformas de redes sociais também lucram com o impacto dos influencers, quer a nível de visibilidade, quer sobretudo ao nível do negócio.
No entanto, essas plataformas apresentam um problema para muitos profissionais neste meio: os tão conhecidos algoritmos.
As grandes empresas, na teoria, criam algoritmos…que depois os influencers não entendem. E criadores de conteúdo, sobretudo negros ou transexuais, queixam-se há anos de serem tratados de forma injusta pelos algoritmos.
De 500 mil para 5 mil
O portal Business Insider destaca o exemplo de Kallie Tiffau, que não se identifica como homem ou mulher. A sua página no Instagram, cheia de memes, era um sucesso. A sua prioridade era fazer as pessoas gordas sentirem-se melhor consigo mesmas e criar uma comunidade.
Até que, de repente, a sua audiência começou a baixar muito. Mesmo muito: de 500 mil visualizações para 5 mil, em diversas publicações.
Kallie Tiffau começou a queixar-se publicamente, dizendo que o Instagram estava a dar prioridade a conteúdos de marcas e vídeos ao estilo TikTok. Uma perspectiva reforçada pelas muito famosas Kim e Kourtney Kardashian e Kylie Jenner.
Mais tarde, a direcção do Instagram admitiu que os vídeos estavam a ser prioridade, comparando com fotografias. Surgiram protestos e as actualizações foram suspensas.
Fartos dos algoritmos, procura-se novo ritmo
Mas, no geral, as pessoas que basicamente dependem das redes sociais para ter sustento financeiro começam a ficar fartas de estar atrás das actualizações dos algoritmos. Nunca sabem quando serão actualizados, o que será actualizado – nem há propriamente uma linha de apoio ao cliente, seja qual for a plataforma em causa.
Agora o caminho é tentar encontrar uma solução por conta própria. Porque já não esperam qualquer apoio das redes sociais (nem técnico, nem financeiro).
Por isso, a alternativa é os influencers começarem a olhar para eles próprios como trabalhadores, como profissionais que merecem protecção.
E, assim, tentar que as redes sociais – que ganham dinheiro com os influencers porque estes têm milhões de seguidores e fazem mover milhões de euros em anúncios – também trabalhem a seu favor.
Já se fala em sindicato dos influencers. Ou algo semelhante.
Mas, para isso se concretizar, será necessário reverter algo óbvio: os influencers são trabalhadores isolados. Longe uns dos outros, não trabalham em conjunto – aliás, muitos são concorrentes directos. Mas já começam a aparecer alguns casos de criadores de conteúdo digitais que começam a trabalhar juntos, a unir-se, para exigir outra transparência e outras regras no meio digital.
E devem deixar de lado a ideia de que é normal passar horas ou dias a gravar vídeos, a receber zero. Porque essa é a sua profissão, essa é a forma de ajudarem as próprias redes sociais – que pagam zero.
Os influencers, ou muitos deles, são trabalhadores precários: nunca sabem de onde iria aparecer o salário seguinte; nem sabem se o vão receber. Não controlam o seu próprio trabalho – que é controlado sobretudo pelas redes sociais e pelos seus algoritmos.
Por isso, o artigo sugere: “Influencers do mundo, uni-vos! É hora de lutar contra os mestres das redes sociais!”
Problemas?
Dois principais. O primeiro é o grande poder que as empresas têm sobre os direitos dos trabalhadores e sobre os próprios Governos, em diversos países.
O segundo: a maioria dos criadores de conteúdo ainda não se vê como trabalhadores.
E assim fica difícil.