Descobertos gigantescos rios que separavam a Índia, Austrália e Antártida

ZAP // Guy Paxman et al.

Os cientistas descobriram uma paisagem perdida que foi preservada sob o manto de gelo da Antártida durante 50 milhões de anos. São rios gigantes há muito desaparecidos que terão ajudado a separar a Antártida da Austrália e da Índia.

Há muito tempo que os cientistas se dizem intrigados e perplexos com os fragmentos de paisagens “planas” sob os lençóis de gelo da Antártida.

Um estudo publicado na semana passada na Nature Geoscience revelou que uma dessas paisagens foi preservada sob o manto de gelo da Antártida entre 80 milhões e 34 milhões de anos atrás.

De acordo com o novo estudo, essas grandes superfícies planas esculpidas por antigos rios nas profundezas da Antártida Oriental influenciam a forma como o gelo flui atualmente através do continente.

Além disso, ter-se-ão formado quando o supercontinente Gondwana se partiu, ajudando a separar a Índia, a Austrália e a Antártida.

“Este estudo reúne as peças do puzzle de dados, para revelar o quadro geral: como se formaram estas superfícies antigas, o seu papel na determinação do fluxo atual do gelo e a sua possível influência na forma como o manto de gelo da Antártida Oriental irá evoluir num mundo em aquecimento”, afirmou, em comunicado, Neil Ross,  geofísico da Universidade de Newcastle, no Reino Unido, e coautor do estudo.

Guy Paxman et al.

Os rios formaram-se provavelmente quando o supercontinente Gondwana se partiu, separando a Antártida da Austrália.

Como detalha a Live Science, no novo estudo, os investigadores utilizaram dados de radar de quatro estudos anteriores para mapear a forma do leito rochoso por baixo do gelo.

“Quando estávamos a examinar as imagens de radar da topografia sub-gelo nesta região, estas superfícies extraordinariamente planas começaram a aparecer em quase todo o lado para onde olhávamos”, disse, no comunicado, o coautor do estudo Guy Paxman, um geofísico polar da Universidade de Durham, no Reino Unido.

“As superfícies planas que encontrámos conseguiram sobreviver relativamente intactas durante mais de 30 milhões de anos, indicando que partes do manto de gelo preservaram a paisagem em vez de a corroerem”, acrescenta.

No topo das superfícies planas, o gelo antártico move-se muito lentamente. Mas nas depressões entre elas, o gelo flui muito mais depressa. A água derretida pode ter esculpido estas calhas ao fluir através de depressões naturais quando o manto de gelo da Antártida Oriental se expandiu há milhões de anos.

Segundo os cientistas, o fluxo lento de gelo acima das superfícies planas pode estar ainda hoje a regular a perda de gelo do continente.

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