Desde 1998 que os astrónomos que operam o telescópio do observatório Parkes, em New South Wales, na Austrália, captavam, duas ou três vezes por ano, um misterioso sinal de radio. A sua origem deu dores de cabeça aos cientistas durante quase 20 anos.
O estranho sinal, cuja origem os cientistas nunca conseguiam identificar, foi classificado como um peryton, e descrito como um “sinal transitório com duração de milissegundo de origem terrestre”.
Os astrónomos acreditavam que os perytons estariam relacionados com certos tipos de actividade atmosférica, como os relâmpagos, e mantiveram esta teoria durante 17 anos.
“Perytons” are millisecond-duration transients of terrestrial origin, whose frequency-swept emission mimics the dispersion of an astrophysical pulse that has propagated through tenuous cold plasm.
Mas no passado dia 1 de Janeiro, o observatório instalou um novo receptor para analisar a interferência, e a sua origem foi finalmente identificada.
O sinal radio que intriga os astrónomos há quase duas décadas é afinal…um micro-ondas.
O aparelho, instalado na cozinha do próprio observatório, emitia sinais de 2.4 GHz de frequência que eram captados pelo telescópio e identificadas como estando muito perto, “num raio de 5km” de distância.
“A interferência apenas ocorria quando os funcionários do observatório, ao aquecer a comida, abriam a porta do micro-ondas quando ainda não tinha acabado de aquecer“, explicou ao The Guardian o astrofísico Simon Johnston, director da CSIRO, a Agência Australiana da Ciência.
A descoberta foi publicada a 10 de abril, num paper com o título “Identificando a origem dos perytons do radio-telescópio Parkes“. Quinze cientistas assinam o estudo.
Interferência humana
Parece agora estranho que o sinal tenha levado 17 anos a ser identificado. É um facto que a imponderabilidade de apenas ocorrer em determinadas circunstâncias não ajudou a decifrar o seu padrão.
Mas o facto de apenas ocorrer durante o dia, normalmente à hora do almoço, talvez pudesse ter dado mais cedo algumas pistas aos cientistas que analisaram o mistério.
A interferência humana é desde sempre uma preocupação dos astrónomos – nomeadamente, a luminosidade crescente que as cidades lançam para os céus, ofuscando as estrelas.
Por essa razão, os observatórios astronómicos são normalmente instalados em montanhas em regiões despovoadas, onde o céu é mais límpido.
Mas não há isolamento que evite a interferência humana quando ela vem de dentro do próprio observatório.
AJB, ZAP
Gostava de saber quanto milhões de euros foram gastos nisto….
Pagas impostos na Austrália? Ou apenas és daqueles que se queixa de tudo e de todos?