Seul acusa Coreia do Norte de ataques a sinais de GPS a aviões civis

Aero Icarus / Flickr

Boeing 747-800 da Korean Air

Seul acusou hoje Pyongyang de levar a cabo “uma campanha provocatória” de interferência nos sinais GPS, que afetou vários navios e dezenas de aviões civis na Coreia do Sul.

“A Coreia do Norte realizou uma campanha provocatória de interferência no GPS a partir de Haeju e Kaesong, esta sexta-feira e hoje”, afirmou o Estado-Maior Conjunto da Coreia do Sul em comunicado.

Navios e dezenas de aviões civis estão a sofrer “algumas perturbações operacionais“, acrescentou. O exército sul-coreano pediu prudência aos navios e aviões civis sul-coreanos que se deslocam na região do mar Amarelo, entre a China e a península coreana.

“Exortamos veementemente a Coreia do Norte a cessar de imediato as provocações com o GPS e avisamos que será responsabilizada por quaisquer problemas daí resultantes”, continuou.

A interferência consiste na transmissão de sinais desconhecidos que saturam os recetores GPS e os tornam inutilizáveis para a navegação. A Coreia do Sul acusou o Norte de ter efetuado este tipo de interferência em várias ocasiões nos últimos anos.

Desde maio, Pyongyang enviou também milhares de balões com lixo para a Coreia do Sul, sendo que alguns perturbaram o tráfego no aeroporto internacional de Incheon, a noroeste de Seul, cerca de quarenta quilómetros da Coreia do Norte.

As interferências ocorrem alguns dias depois de Pyongyang ter testado um míssil balístico intercontinental (ICBM), descrito pelo regime de Kim Jong-un como o mais avançado do arsenal do país.

O lançamento, efetuado poucas horas antes das presidenciais norte-americanas, na terça-feira, foi o primeiro teste de armamento da Coreia do Norte desde que foi acusada de enviar tropas para ajudar a Rússia na guerra na Ucrânia.

A Coreia do Sul retaliou na sexta-feira, disparando um míssil balístico para o mar, mostrando “forte determinação” em responder a “qualquer provocação norte-coreana”.

Ataques de spoofing na Europa

Em março, a Rússia foi acusada d estar por trás de uma maratona de 63 horas de ataques de bloqueio de GPS sem precedentes, que atingiu aviões civis na Europa.

O ataque incluiu 24 horas de interferências distribuídas por algumas regiões da Suécia, Alemanha e Polónia, antes de mudar para uma interferência mais focada, cobrindo principalmente a Polónia, durantee 40 horas. Segundo um outro analista, durante este período mais de 1600 aeronaves civis foram afetadas.

Desde que a Rússia invadiu a Ucrânia, em fevereiro de 2022, a Europa tem vivido um aumento no número de perturbações significativas dos sistemas de GPS e de outros sistemas globais de navegação por satélite (GNSS).

Estas interferências incluem o bloqueio de sinais de satélite e ataques de “spoofing” de sinais, técnica usada para fazer com que os recetores GPS das aeronaves “pensem” estar em locais completamente diferentes.

Desde Agosto do ano passado, quase 50 mil aviões reportaram interferências de GPS em voos sobre o Báltico, um fenómeno que se intensificou particularmente na região em torno do enclave russo de Kaliningrado.

Em 2019, o relatório de um incidente apresentado ao Sistema de Relatórios de Segurança de Aviação da NASA descreveu a forma como o bloqueio de GPS levou um jato de passageiros a quase colidir com uma montanha no estado do Idaho.

“Alguém vai acabar por se magoar” diz Dana Goward, responsável da Resilient Navigation and Timing Foundation, ONG sediada na Virgínia focada na proteção e reforço dos sinais de GPS.

ZAP // Lusa

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