Sete feridos e mais de 2500 hectares queimados. País em situação de contingência

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Paulo Cunha / Lusa

António Costa estará no terreno para acompanhar “a operação e dar visibilidade a todos os recursos e meios”.

Mais de 1500 bombeiros combatiam 35 fogos em Portugal continental às 07h30 desta segunda-feira, sendo o incêndio que deflagrou na quinta-feira em Ourém, no distrito de Santarém, o que mais meios mobilizava, segundo dados da proteção civil.

De acordo com informação disponível na página da Internet da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), um total de 1505 operacionais, apoiados por 459 veículos, combatiam 35 incêndios, cinco dos quais ativos, cinco em resolução e 25 em conclusão.

O incêndio que deflagrou às 16h37 de quinta-feira na localidade de Cumeada, concelho de Ourém, no distrito de Santarém, era às 07h30 o que mais meios mobilizava com 585 operacionais, apoiados por 196 veículos. Também o incêndio que deflagrou às 15h50 de sexta-feira em Vale da Pia, concelho de Pombal, no distrito de Leiria, mobilizava 343 operacionais, com o apoio de 109 veículos.

Por dominar continuava também o fogo que deflagrou às 15h15 de domingo no Canedo, concelho de Ribeira de Pena, no distrito de Vila Real, que às 07h30 estava a ser combatido por 140 operacionais, com o auxílio de 140 veículos. O fogo que deflagrou às 15h54 de quinta-feira na freguesia de Marzagão, concelho de Carrazeda de Anciães, no distrito de Bragança, encontrava-se dominado, estando a ser combatido por 126 operacionais, com o auxílio de 38 veículos.

Portugal continental entrou esta segunda-feira às 00h em situação de contingência, que deverá terminar às 23h59 de sexta-feira, mas poderá ser prolongada caso seja necessário.

A declaração da situação de contingência foi decidida devido às previsões meteorológicas para os próximos dias, que apontam para o agravamento do risco de incêndio, com temperaturas que podem ultrapassar os 45º em algumas partes do país, segundo disse, no sábado, o ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro.

Devido à situação de risco, Portugal ativou o Mecanismo Europeu de Proteção Civil e a Comissão europeia mobilizou, no domingo, dois aviões espanhóis para combater os incêndios no território português.

Mais de 80 concelhos em perigo máximo

Portugal continental entrou, nesta segunda-feira, em situação de contingência devido às previsões meteorológicas para os próximos dias, com mais de 80 concelhos de dez distritos em perigo máximo de incêndio rural, segundo o IPMA. Em perigo máximo estão mais de 80 concelhos dos distritos de Bragança, Vila Real, Braga, Viseu, Guarda, Coimbra, Castelo Branco, Portalegre, Beja e Faro.

O Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) colocou também vários concelhos de todos os distritos de Portugal continental em perigo muito elevado e elevado de incêndio rural.

No âmbito da declaração da situação de contingência, prevista na Lei de Bases de Proteção Civil, serão ainda implementadas medidas de carácter excecional, como a proibição do acesso, circulação e permanência no interior dos espaços florestais, proibição da realização de queimadas e de queimas de sobrantes de exploração e proibição de realização de trabalhos nos espaços florestais com recurso a qualquer tipo de maquinaria, com exceção dos associados a situações de combate a incêndios rurais.

Será também proibida a realização de trabalhos nos espaços rurais com recurso a motorroçadoras de lâminas ou discos metálicos, corta-matos, destroçadores e máquinas com lâminas ou pá frontal e a utilização de fogo-de-artifício.

O perigo de incêndio, determinado pelo IPMA, tem cinco níveis, que vão de reduzido a máximo. Os cálculos são obtidos a partir da temperatura do ar, humidade relativa, velocidade do vento e quantidade de precipitação nas últimas 24 horas.

Ao longo desta segunda-feira, o primeiro-ministro irá estar no terreno para “verificar a operação”, deslocando-se a Coimbra, Lousã e Viseu”. O objetivo é “verificar no terreno a operação e dar visibilidade a todos os recursos e meios para o combate aos incêndios”.

Em declarações aos jornalistas, António Costa frisou que temos de contar “com todos e cada um de nós, porque os incêndios não nascem de reação espontânea”, mas sim de ação humana — quer deliberada, quer não. “Perante a gravidade da situação meteorológica que vamos viver a partir de amanhã e previsivelmente ao longo de toda a semana, é fundamental todos terem o máximo cuidado“, não fazendo fogo nem usando máquinas, explicou o chefe de Governo.

António Costa lembrou que, por mais meios que estejam mobilizados para o combate às chamas, “há um momento a partir do qual não há meios que permitam enfrentar o incêndio”, pelo que deve haver responsabilidade coletiva.

Fim de semana com feridos e centenas de hectares queimados

Após um fim de semana de combates intensos, o balanço das autoridades dá conta de sete pessoas feridas (cinco bombeiros, dois dos quais com gravidade) como consequência dos incêndios florestais, sete habitações e dois anexos danificações pelas chamas e centenas de hectares ardidos, avança o Público. Às 19h de ontem, o comandante nacional André Fernandes sintetizava a área ardida desde quinta-feira em “sensivelmente 2500 hectares“.

”É uma área ardida que está a ser trabalhada e, de facto, o importante agora é conseguir estabilizar os incêndios, conseguir repor a normalidade e a segurança global nestas áreas afetadas e depois far-se-á um levantamento da área ardida e será comunicado”. Já segundo o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, ao longo do dia de ontem arderam quase 13 mil hectares desde o início do ano, resultantes de 5425 ocorrências.

Tal como nota a mesma fonte, apesar da situação mais aflitiva que se viveu este fim de semana, os números estão ainda longe, por exemplo, dos do ano de 2017, ano do incêndio de Pedrógrão Grande e dos grandes fogos de Outubro. Só esse incêndio destruiu 45 mil hectares e 2017 fechou com 530 mil hectares queimados.

ZAP //

6 Comments

  1. E a culpa é de:
    Desgoverno
    MAI
    Donos dos terrenos… que não os limparam e a isso não foram obrigados, nem com multas nem com fiscalização que deveria haver e não há…assim, a culpa é sempre dos donos…mesmo que sejam terrenos do Estado…

  2. Mais uma conquista de Abril, crimes mil!
    Porque será que antes daquela data havia menos incêndios e eram menos graves?
    Porque antes, os vagbundos e criminosos estavam na cadeia!
    Tal, explica tambémporque não havia corrupção, falta de liberdade, pouca criminalidade e nenhum endividamento. Muito menos o viver de mão estendida para euro-esmolas!

  3. Continuem a plantar pinhais e eucaliptais. É só ver a relação com a utilização dos terrenos. Desde que sou viva (mais de 4 décadas) é a mesma coisa todos os anos É vergonhoso. Queimou, planta mais eucalipto. Castanheiros portugueses já há poucos, muito porque… Se aprovam mais plantações de substituição com eucaliptos que dão rendimento a curto prazo.

    E hoje em dia quem quiser ser silvicultor ou é milionário ou investe no melhor rendimento anual, precisamente espécies combustíveis de crescimento rápido.

    E o povo paga os meios de combate que são cada vez mais precisos, os estragos às empresas que pedem compensação ao estado e aos danos em imóveis. Morrem pessoas, queimam-se casas e o que podiam ser espaços florestais com uma exploração planeada, de longo prazo, favorecendo a diversidade de árvores (de preferência nativas) e a exploração anual de árvores individuais para que os terrenos nunca fiquem limpos, mantendo-se sempre uma cobertura arbórea considerável que ajudaria também a prevenir secas extremas, é uma caixa de fósforos altamente protegida (negócios?). Isto é feito noutros países, com sucesso, onde das florestas tiram madeira, plantas aromáticas, cogumelos, caça, com potencial para turismo de natureza de qualidade. Negligência governamental

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