Pediu-se a morte dos sérvios nas bancadas — num jogo em que a Sérvia nem participava. No mesmo dia, um jornalista foi expulso após gesto nacionalista e a própria queixosa também é alvo de inquérito, por cânticos racistas.
A Seleção Nacional da Sérvia ameaçou a UEFA com a sua saída do Euro 2024 como forma de protesto, caso o organismo não penalize a Croácia e a Albânia.
No jogo entre estas duas seleções, que terminou na passada quarta-feira com um empate a dois golos, pediu-se a morte dos sérvios nas bancadas.
“O que aconteceu é escandaloso e vamos pedir à UEFA que aplique sanções, sob pena de não continuarmos na competição”, disse o secretário-geral da Federação Sérvia de Futebol, Jovan Surbatovic em declarações à televisão sérvia RTS.
Corriam os 59 minutos da partida entre a Albânia e a Croácia, do grupo B, quando se começou a ouvir o canto de ódio dirigido ao povo sérvio.
“Matem, matem, matem os sérvios”, ouviu-se em coro em Hamburgo, acusa a Federação Sérvia de Futebol. Pelo facto de os seus adeptos exibirem cartazes com mapas nacionalistas, a Albânia e a Sérvia foram multadas cada uma em 10 mil euros na quarta-feira, segundo o jornal Politico. Mas o caso não se ficou por aí.
Na quarta-feira, um jornalista do Kosovo — país que não é reconhecido pela Sérvia, apesar de ser membro das Nações Unidas e da UEFA — foi impedido de participar no resto do torneio depois de ter feito um gesto nacionalista de águia para os adeptos sérvios durante o jogo do país contra a Inglaterra, no domingo.
Entretanto, a Sérvia também viu ser lançado um inquérito disciplinar contra si devido a cânticos racistas dirigidos a ingleses e kosovares na derrota (0-1) contra a Inglaterra no grupo C. Neste caso, a Federação sérvia pede que “a responsabilidade seja individualizada”.
“Pedimos que a responsabilidade seja individualizada, não queremos que seja atribuída a toda a gente. Os nossos adeptos são cavalheiros (…) nós, sérvios, somos cavalheiros”, disse.
A animosidade em relação aos sérvios não vem de agora. Remonta às guerras dos Balcãs dos anos 1990, altura em que a Jugoslávia se desmoronou.
Será um organismo independente a decidir sobre os casos, por isso a UEFA considera “inapropriado” fazer quaisquer comentários, afirmou um porta-voz do principal organismo do futebol europeu, que nesta 17.ª edição do Campeonato da Europa já tem vindo a assistir a outras polémicas.
Na seleção francesa, o futebol misturou-se com a política após comentários da estrela e capitão gaulês, Kylian Mbappé, na sequência da vitória esmagadora da extrema-direita francesa nas eleições europeias deste mês.
Mbappé alertou que “os extremos estão a bater à porta do poder” e apelou, sobretudo aos mais jovens, para não se “esconderem” no dia de ir às urnas — o dia em que o avançado e companhia podem estar a jogar a semifinal do Euro 2024.
Ainda antes de arrancar a competição, o verniz estalou na Alemanha com uma polémica sondagem que perguntava aos adeptos se “gostariam de ver mais jogadores brancos na Seleção Nacional” — uma questão que chocou o selecionador alemão.