As descrições de encontros com os mortos são encontradas em todas as culturas e ao longo do tempo histórico. Mas, agora a questão é se o mesmo acontece com animais de estimação.
Jen Golbeck, blogger do Phychology Today e professora de Informática na Faculdade de Estudos da Informação da Universidade de Maryland, realizou recentemente o primeiro estudo sistemático sobre as experiências paranormais dos amantes de animais de estimação em luto.
Para o estudo, publicado na revista Anthrozoos, Golbeck solicitou descrições de experiências sobrenaturais de donos de cães falecidos.
A professora estava interessada na variedade de encontros com companheiros caninos falecidos e no seu significado e sentido para os donos de cães.
Assim, publicou uma pergunta na rede social X e no Instagram: “Se perdeu um cão, teve uma experiência como ver o seu fantasma, receber um sinal, comunicar consigo?”
De seguida, desenvolveu um sistema de codificação para categorizar as 544 respostas.
Golbeck descobriu que estas experiências paranormais se enquadram em duas categorias: Interações Físicas e Interações Interpretadas.
Em 315 casos, os inquiridos de Golbeck experimentaram encontros sensoriais com aparições caninas. Ouviram sons fantasmagóricos, sentiram o toque do seu cão e, em casos raros, viram o seu animal de estimação morto.
A experiência sensorial mais comum (37% dos casos) envolveu ouvir o cão — um latido, o tilintar ou o bater de uma coleira, ou o estalido das patas do cão no chão.
Quase metade das interações físicas/sensoriais ocorreram à noite e, em 45 casos, a pessoa sentiu o cão na cama ao seu lado.
Em 264 casos, os donos enlutados interpretaram os acontecimentos paranormais como relacionados com o espírito do cão, em vez de visitas diretas. Estes incluíam sonho em que o cão aparecia, atividades fantasmagóricas como um detetor de fumo que se desligava sem razão aparente e sinais na natureza interpretados como sinais do cão falecido.
Em alguns casos, as interações interpretadas com um cão falecido envolveram um novo animal de estimação que o dono tinha adquirido. Uma das pessoas que respondeu estava a ter dificuldades em criar laços com um novo cão que adotou depois da morte da sua cadela. Relata que a cadela lhe apareceu em sonho e que lhe disse que não havia problema em amor o novo cão. Funcionou.
134 dos inquiridos de Golbeck escreveram sobre o significado pessoal dos seus encontros com animais de estimação que faleceram.
A boa notícia é que a grande maioria das visitas de fantasmas (75%)se enquadrava na categoria positiva, proporcionando conforto e segurança aos donos de luto. As visitas eram vistas como uma forma de proteção ou dádiva.
16% dos encontros sobrenaturais foram interpretados pelos donos dos cães como mensagens.
Pilley Blanchi, a filha de John Pilley, cujo famoso border collie, Chaser, aprendeu mais de mil palavras em inglês, contou uma experiência que teve. Chaser morreu em 2019, e Pilley ficou devastada. Depois de notificar a imprensa da morte de Chaser, uma traça branca apareceu na sua janela. Ela disse que “eu sabia que era Chaser a despedir-se e que tinha chegado em segurança para a sua próxima viagem”.
Na nossa cultura, os fantasmas têm geralmente uma má reputação — são assustadores, um sinal de culpa, um sinal de psicopatologia. Golbeck, em contraste, argumenta que encontrar as aparições de animais de estimação mortos pode ser psicologicamente saudável — que são manifestações de laços contínuos e são quase sempre experiências positivas.
“Uma visita aparentemente mágica do fantasma de um cão perdido e amado oferece um sentimento místico, especial e um significante da importância da relação”, disse Golbeck.