Sequência matemática de Fibonacci. O “código secreto da natureza” para a perfeição engana

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A sequência de Fibonacci é uma série onde cada número inteiro é a soma dos dois anteriores. Apesar de ser considerada um “código secreto da natureza”, muitas destas associações são mais mitológicas do que factuais.

A sequência de Fibonacci, conhecida também como Proporção Divina, Proporção Áurea ou Número Dourado, é uma serie de números inteiros, em que cada número é a soma dos dois anteriores.

Começando em 0 e 1, os primeiros 10 números da sequência são: 0, 1, 1, 2, 3, 5, 8, 13, 21, 34, e assim em diante até ao infinito.

Quando dividimos um número desta sequência pelo anterior, obtemos a famosa Razão Dourada, “phi” — um número irracional que tende para 1,618.

A sequência de Fibonacci é descrita através da seguinte equação matemática:

Xn+2= Xn+1 + Xn

Apesar de muitas vezes descrita como um “código secreto da natureza”, estando associada a fenómenos naturais e construções arquitetónicas como a Grande Pirâmide de Gizé, muitas destas associações são mais mitológicas do que factuais.

A sequência foi popularizada por Leonardo de Pisa, mais conhecido como Fibonacci, que na verdade nunca se chamou assim. Este nome foi-lhe atribuído apenas no século XIX, muito depois da sua morte, para o diferenciar de outros Leonardos.

Leonardo nasceu em 1170 e foi o primeiro a apresentar esta sequência no Ocidente através do seu trabalho “Liber Abaci” em 1202.

Como conta a Live Science, Leonardo introduziu a sequência através de um problema teórico de reprodução de coelhos. Curiosamente, após esta menção, a sequência foi largamente esquecida até ao século XIX.

Foi o matemático francês Édouard Lucas que batizou e recuperou esta fórmula, em 1877.

Ao contrário do que se pensa, historicamente, não foi Leonardo que descobriu a sequência, tendo sido primeiramente mencionada em textos em sânscrito que datam de 200 a.C..

Razão Dourada falida

A sequência é, de facto, observada em alguns aspectos da natureza, como na disposição em espiral das folhas e pétalas de algumas plantas.

Esta característica aproxima-se da, anteriormente mencionada, Razão Dourada.

No entanto, Keith Devlin, um matemático da Universidade de Stanford, explicou à Live Science que a phi não é uma regra universal para o crescimento natural, e, por isso, muitas plantas não seguem essa regra.

O especialista sublinha que estas regras matemáticas não se tratam do “código secreto” que regem a arquitetura do universo: “Não é a ‘única regra de Deus’ para o crescimento das coisas, digamos assim”.

Keith Devlin diz que quando as pessoas começam a estabelecer ligações com o corpo humano, a arte e a arquitetura, as ligações à sequência de Fibonacci passam de ténues a absolutamente fictícias.

“Seria necessário um grande livro para documentar toda a desinformação sobre a sequência de Fibonacci, muita da qual é simplesmente a repetição dos mesmos erros por diferentes autores”, escreveu George Markowsky, da Universidade do Maine, num artigo de 1994, citado pela Live Science.

ZAP //

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