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Seleção já aterrou na Rússia. “Estamos desejosos de começar”

Miguel A. Lopes / EPA

Cristiano Ronaldo foi surpreendido por um pequeno adepto na chegada ao Aeroporto de Lisboa, no dia em que a seleção portuguesa parte para a Rússia

A comitiva da seleção portuguesa de futebol aterrou, este sábado, na Rússia, cerca das 18h00 locais, onde vai disputar a fase final do Mundial de 2018, que arranca na próxima quarta-feira.

É um privilégio estar aqui, neste país que tão bem nos acolheu na Taça das Confederações, há um ano. Foi uma experiência muito positiva para Portugal e, agora, vamos dar o nosso melhor. Estamos desejosos de começar”, disse Fernando Santos, à RTP, à chegada ao aeroporto de Zhukovski.

A seleção portuguesa chegou a Moscovo cerca das 18h00 locais (16h00 em Lisboa) e vai, agora, instalar-se em Kratovo, a cerca de 50 quilómetros a sudeste da capital russa.

“Estamos bem, temo-nos preparado bem. É bom estar de volta depois da Taça das Confederações. Estamos felizes pode jogar este campeonato do Mundo aqui na Rússia. Agora, é trabalhar bem esta semana e chegar bem ao primeiro jogo“, disse, por seu lado, Bruno Alves.

Sem prometer títulos, o central dos escoceses do Rangers foi claro: “Vamos dar tudo, trabalhar da melhor maneira e tentar ganhar todos os jogos”.

A comitiva lusa voou em avião fretado para Zhukovski, a 11 quilómetros do centro de estágio do FC Saturn, na rural localidade de Kratovo, onde está montado o seu quartel-general, onde chegou cerca de uma hora depois do avião ter aterrado.

O presidente da Federação Portuguesa de Futebol, Fernando Gomes, o selecionador Fernando Santos, e os vice-presidentes Humberto Coelho e João Pinto foram dos primeiros a sair e a dirigir-se para a escadaria de entrada do edifício principal, onde toda a comitiva se posicionou, para o momento oficial.

Investimos muito neste centro de estágio para vos receber. Esperamos que estejam aqui até ao dia 15 de julho”, a data da final, disse o responsável pela autarquia de Ramensky, onde se situa a pacata Kratovo.

As palavras de boas-vindas, com direito a tradução em improvisada instalação sonora, não se alongaram por muito tempo, sobressaindo o desejo de que a seleção de Portugal “guarde boas memórias deste encontro”.

Uma jovem com trajes regionais desfilou, depois, em frente à delegação lusa com um pão típico, o ‘korovai’, que cada elemento foi retirando um pouco e degustando. Seguidamente, Fernando Santos recebeu uma boneca típica, carregando o ‘korovai’, e Cristiano Ronaldo um prato.

Foram pouco mais de cinco minutos de cerimónia, seguindo-se os agradecimentos e a foto da praxe com os governantes regionais no meio da delegação portuguesa. Todos voltaram, então, ao autocarro para recolher a bagagem e dirigir-se ao hotel.

“Quartel-general”

O centro de treinos do FC Saturn, em zona verde e tranquila uns 50 quilómetros a sudeste de Moscovo, tem sido guardado por dezenas de polícias e elementos do Exército, num aparato bem dissuasor de qualquer ato desaconselhável.

Entrar no complexo obriga a minuciosa revista que inclui detetor de metais: entrar exige uma autorização especial da federação e algum eventual objeto proibido fica à porta, para já com justificação apenas em língua russa.

O primeiro teste mais a sério à segurança será este domingo, quando os pupilos de Fernando Santos realizarem o primeiro treino, aberto aos media e aos adeptos, sendo previsível grande afluência à sessão que começa às 11h30 locais (09h30 em Portugal).

Para prevenir eventuais atos agressivos com automóveis ou motorizadas, foi montada no chão uma amovível estrutura de ferro que fura pneus e imobiliza todo o tipo de viatura que tente entrar sem permissão.

Autoridades e voluntários não têm autorização a falar sobre nada que tenha a ver com a seleção ou a infraestrutura, que está decorada com adereços da federação e de Portugal.

O centro de estágio tem três campos de futebol (dois relvados e um sintético), ginásio e alojamento, o que permite evitar deslocações de autocarro para os treinos.

“A FPF escolheu um complexo utilizado por equipas de futebol profissional, em detrimento de unidades hoteleiras, por considerar que aqui estão reunidas todas as condições para o trabalho e a recuperação dos atletas ao longo da prova”, justificou o organismo luso, na altura em que divulgou a sua escolha.

Kratovo é uma pequena localidade com cerca de oito mil habitantes, onde é difícil encontrar comércio e restauração.

A equipa das quinas vai estrear-se na competição frente à Espanha, em Sochi, na próxima sexta-feira, e defronta depois Marrocos, a 20 de junho, em Moscovo, e fecha o Grupo B com o Irão, de Carlos Queiroz, em 25, em Saransk.

Nos três jogos de preparação efetuados nas duas últimas semanas Portugal empatou 2-2 com a Tunísia, em Braga, e 0-0 com a Bélgica, em Bruxelas, e venceu depois a Argélia por 3-0, no Estádio da Luz, em Lisboa.

Portugal pode afirmar-se na Rússia e no Mundo

O embaixador de Portugal na Rússia, Paulo Vizeu Pinheiro, considera que o Mundial de futebol de 2018, que começa esta quinta-feira, é uma excelente oportunidade para o país se afirmar no Mundo e na Rússia.

“O mundial é a oportunidade para mostrarmos um Portugal moderno, competitivo e acolhedor, e que somos uma ligação não só à comunidade lusófona, mas com muitos outros países com quem temos relações privilegiadas”, sintetizou.

Em declarações à Lusa, o diplomata defende que esta é também uma chance para Portugal “ser um parceiro singular na diversificação económica e na modernização económica da Rússia”.

Destaca a conjunção que é para os empresários lusos o mercado de 145 milhões de russos e revelou que, por isso, trabalha para que haja “mais mobilidade entre Portugal e a Rússia, entre portugueses e russos”.

“Vladimir Putin tem feito várias referências aos saltos tecnológicos e abertura aos talentos. A Rússia ainda tem uma económica pouco diversificada, muito concentrada em algumas matérias primas. Tem feito muitas reformas estruturais, tem estabilidade macroeconómica, um sistema financeiro estável, rendimento médio a aumentar, uma classe média que tem viajado bastante e tem ido a Portugal”, exemplificou.

Em conjuntura de crescente tensão entre a Rússia e o mundo ocidental, Portugal é visto no anfitrião do Mundial como um “país amigo”, considerando que isso se deve ao facto das autoridades lusas terem mantido uma atitude coerente e promovido um excelente trabalho para salutares relações institucionais.

“Estamos a viver um bom momento, não obstante os condicionalismos conhecidos internacionais, no quadro da União Europeia e da NATO. Portugal tem defendido que as dificuldades sejam resolvidas pelo diálogo e cooperação”, justificou.

Aos adeptos portugueses que vieram ao Mundial, garante que a Rússia é “segura” e que os visitantes vão descobrir um “país moderno, com boas infraestruturas e uma grande potência em vários domínios, incluindo o cultural”.

“Aqui, na embaixada, estamos todos a trabalhar para o mesmo propósito. Quem está aqui a trabalhar, também põe a nossa bandeira e a nossa camisola”, concluiu.

ZAP // Lusa

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