A candidata da oposição à presidência do Equador denunciou esta sexta-feira que o governo alterou a sua equipa de segurança militar a dois dias da segunda volta das eleições no país, abalado pela violência do narcotráfico. Em 2023, o então candidato oposicionista foi morto a tiro 11 dias antes da votação.
A advogada equatoriana Luisa González denunciou esta sexta-feira o “ato irresponsável” do governo do país, que, a dois dias das eleições presidenciais promoveu alterações na equipa de segurança da candidata da oposição.
González enfrentará este domingo o presidente Daniel Noboa, numa acesa disputa presidencial
“Alerto o país sobre o ato irresponsável do Governo ao substituir a minha equipa de segurança das Forças Armadas, pondo em risco a minha vida e a da minha família”, escreveu González no X/Twitter.
“Fui informada pela equipa das Forças Armadas encarregada da minha segurança de que foram removidos de forma abrupta das suas funções. Esta equipa funcionava precisamente para proteger a minha vida, após as graves denúncias de planos de atentados contra mim, que estão sob investigação”, acrescentou.
DENUNCIA PÚBLICA AL PAÍS!
Alerto al país sobre el irresponsable acto del Gobierno al relevar a mi equipo de seguridad de las Fuerzas Armadas, poniendo en riesgo mi vida y la de mi familia.
¡No detendrán el cambio que se avecina para nuestro país!
Ustedes tienen el miedo,… pic.twitter.com/ThL0i5BAaa
— Luisa González (@LuisaGonzalezEc) April 11, 2025
Em reação à denúncia da candidata, o Ministério da Defesa assinalou que todos os agentes de inteligência e das forças especiais destacados para a segurança da advogada de 47 anos, “estão qualificados para cumprir o compromisso assumido desde o princípio de zelar pela sua proteção”.
“O número de 58 militares totalmente armados e preparados, juntamente com os 12 veículos destacados para a segurança da candidata Luisa González, continua a ser o mesmo”, acrescentou o ministério, em comunicado citado pela agência AFP, sem detalhar se houve substituições na composição da equipa.
Nas eleições antecipadas de 2023, o candidato Fernando Villavicencio foi morto a tiros quando saía de um comício em Quito. O candidato, conhecido por ser um crítico da corrupção e do crime organizado, foi alvo por 40 disparos, tendo três deles acertado na zona da sua cabeça.
Desde então, mais de 30 políticos, autoridades judiciais e jornalistas foram assassinados no Equador. O país registou um homicídio por hora entre janeiro e fevereiro, o começo de ano mais sangrento desde que há registos deste tipo de criminalidade, segundo dados do Ministério do Interior.
González considera a alteração da sua equipa de segurança uma medida “irresponsável, temerária e profundamente perigosa”, e responsabilizou o presidente Noboa, o ministro da Defesa, Giancarlo Loffredo Rendón, e o chefe do Comando Conjunto das Forças Armadas do Equador, general Jaime Vela.
“Ratifico o meu pedido de que seja mantida a equipa de segurança que me foi atribuída durante estes dias decisivos para o país”, insistiu a candidata, herdeira política do antigo presidente socialista Rafael Correa.
O país, situado estrategicamente no Pacífico, trava uma guerra contra quadrilhas do narcotráfico, que impõem o terror nas ruas e prisões.
Embora a taxa de homicídios tenha diminuído de 47 por 100.000 habitantes em 2023 para 38 em 2024, o Equador teve o índice de mortes violentas mais elevado da América Latina no último ano, segundo o grupo especializado Insight Crime.