Segurança de candidata a presidente do Equador trocada a dois dias das eleições

Asamblea Nacional del Ecuador / Flickr

Luisa González, candidata à Presidência do Equador

A candidata da oposição à presidência do Equador denunciou esta sexta-feira que o governo alterou a sua equipa de segurança militar a dois dias da segunda volta das eleições no país, abalado pela violência do narcotráfico. Em 2023, o então candidato oposicionista foi morto a tiro 11 dias antes da votação.

A advogada equatoriana Luisa González denunciou esta sexta-feira o “ato irresponsável” do governo do país, que, a dois dias das eleições presidenciais promoveu alterações na equipa de segurança da candidata da oposição.

González enfrentará este domingo o presidente Daniel Noboa, numa acesa disputa presidencial

“Alerto o país sobre o ato irresponsável do Governo ao substituir a minha equipa de segurança das Forças Armadas, pondo em risco a minha vida e a da minha família”, escreveu González no X/Twitter.

“Fui informada pela equipa das Forças Armadas encarregada da minha segurança de que foram removidos de forma abrupta das suas funções. Esta equipa funcionava precisamente para proteger a minha vida, após as graves denúncias de planos de atentados contra mim, que estão sob investigação”, acrescentou.

Em reação à denúncia da candidata, o Ministério da Defesa assinalou que todos os agentes de inteligência e das forças especiais destacados para a segurança da advogada de 47 anos, “estão qualificados para cumprir o compromisso assumido desde o princípio de zelar pela sua proteção”.

“O número de 58 militares totalmente armados e preparados, juntamente com os 12 veículos destacados para a segurança da candidata Luisa González, continua a ser o mesmo”, acrescentou o ministério, em comunicado citado pela agência AFP, sem detalhar se houve substituições na composição da equipa.

Nas eleições antecipadas de 2023, o candidato Fernando Villavicencio foi morto a tiros quando saía de um comício em Quito. O candidato, conhecido por ser um crítico da corrupção e do crime organizado, foi alvo por 40 disparos, tendo três deles acertado na zona da sua cabeça.

Desde então, mais de 30 políticos, autoridades judiciais e jornalistas foram assassinados no Equador. O país registou um homicídio por hora entre janeiro e fevereiro, o começo de ano mais sangrento desde que há registos deste tipo de criminalidade, segundo dados do Ministério do Interior.

González considera a alteração da sua equipa de segurança uma medida “irresponsável, temerária e profundamente perigosa”, e responsabilizou o presidente Noboa, o ministro da Defesa, Giancarlo Loffredo Rendón, e o chefe do Comando Conjunto das Forças Armadas do Equador, general Jaime Vela.

“Ratifico o meu pedido de que seja mantida a equipa de segurança que me foi atribuída durante estes dias decisivos para o país”, insistiu a candidata, herdeira política do antigo presidente socialista Rafael Correa.

O país, situado estrategicamente no Pacífico, trava uma guerra contra quadrilhas do narcotráfico, que impõem o terror nas ruas e prisões.

Embora a taxa de homicídios tenha diminuído de 47 por 100.000 habitantes em 2023 para 38 em 2024, o Equador teve o índice de mortes violentas mais elevado da América Latina no último ano, segundo o grupo especializado Insight Crime.

ZAP //

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