Seguradoras do Montepio perderam 160 milhões devido a investimentos em empresas russas

A Lusitânia Seguros e Lusitânia Vida perderam 160 milhões de euros em capitais próprios até maio, muito em parte devido aos negócios com empresas russas. A situação preocupa a Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos e Pensões.

As duas seguradoras da Associação Mutualista Montepio Geral (AMMG) já perderam mais de 160 milhões de euros de capitais própios só nos primeiros cinco meses deste ano. Segundo avança o Público, esta situação deve-se em parte à exposição de mais de 20 milhões de euros das seguradoras a empresas russas de indústrias pesadas, como a Gazprom.

A situação está a preocupar a Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos e Pensões (ASF), que já exige à Montepio Seguros relatórios semanais sobre o negócio das Lusitânia Vida e da Lusitânia Seguros e ao presidente do grupo, Virgílio Lima, que vá regularmente às suas instalações.

O rácio da margem de solvência das seguradoras também já tinha caído para 80% no início do ano, quando a ASF exige que esteja nos 100%. Após a perda de 160 milhões nos capitais próprios até maio, a situação piorou em junho, quando as carteiras de títulos registaram menos valias agravadas, o que se explica em parte devido ao impacto das sanções económicas nas empresas russas.

A Lusitânia Vida, por exemplo, investiu 21,5 milhões de euros em obrigações de empresas russas nos setores do gás e da metalomecânica. Desde então, a seguradora teve de aplicar um ajustamento no investimento inicial de 73%, o que se traduziu numa imparidade de 15,6 milhões.

Em declarações ao ECO em junho, Virgílio Lima explicou que a perda estava “distribuída por duas entidades do grupo”, mas que não era do Banco Montepio em si. O presidente do grupo mostrou-se ainda esperançoso de recuperar parcialmente o valor perdido, já que as empresas russas estavam a pagar os juros das obrigações e não entraram em incumprimento.